CHCB: unidade inovadora para tratamento de perturbações psiquiátricas graves e incapacitantes arranca em 2018

O dinamizador do procedimento médico, que irá criar no Centro Hospitalar Cova da Beira uma Unidade de Terapia Electroconvulsiva, é Nuno Rodrigues Silva, médico psiquiatra do CHCB, com doutoramento na área da investigação clínica e serviços de saúde.

O facto de uma percentagem significativa de pessoas com perturbação mental manter sintomas graves e incapacitantes apesar de lhes ministrado o melhor tratamento farmacológico existente, salientou a necessidade deste novo serviço. Em Nota de imprensa, o CHCB afirma que “a disponibilização de estratégias terapêuticas alternativas, que possam ser eficazes nestes casos, são absolutamente necessárias”.


Para o psiquiatra Nuno R. Silva, “a Terapia Electroconvulsiva (TEC) é um tratamento único e altamente eficaz em determinadas situações, podendo representar uma verdadeira mudança na vida da pessoa doente e dos que lhe prestam apoio. Além disso, não há qualquer tipo de sofrimento associado ao tratamento e a eficácia terapêutica é absolutamente indiscutível.”

Trata-se de um procedimento em que se estimula o tecido cerebral do doente através de um estímulo eléctrico controlado, que não provoca dor de qualquer tipo, realizando-se sob anestesia geral. De acordo com o médico “é utilizada sobretudo no tratamento de perturbações do humor, como perturbação depressiva e nas várias fases da perturbação bipolar. Pode também ser útil noutras situações clínicas como esquizofrenia, catatonia, síndrome maligno dos neurolépticos entre outros.

Para o utente ser proposto para a realização de TEC tem haver uma indicação clínica clara, efectuar vários exames e consentir o procedimento. Segundo Nuno R. Silva, “os principais benefícios desta terapia consistem numa eficácia elevada, com taxas de remissão entre os 60 e os 85%. Em alguns quadros clínicos a eficácia aproxima-se dos 100%. Com a TEC, a maioria dos doentes melhora e, mais do que isso, observa-se muitas vezes uma remissão completa, ou seja, uma melhoria total. Além disso, em situações de risco eminente, em que a própria vida da pessoa pode estar ameaçada, a TEC associa-se habitualmente a uma resposta mais rápida do que com outras modalidades terapêuticas.”

Em Portugal não há muitas unidades de saúde onde esta terapia seja disponibilizada, por exemplo “na região interior centro e norte do país, pelo conhecimento que tenho, este procedimento realiza-se apenas em Vila Real” salienta Nuno Silva.

Com a criação desta unidade, o CHCB pretende disponibilizar este tratamento a todos os utentes da sua área de influência e estabelecer uma estreita colaboração com outros hospitais do interior do país por forma a receber doentes encaminhados pelos respectivos serviços de psiquiatria. A par disto, oferecer uma resposta de elevada qualidade, de forma a poder estabelecer a Unidade de TEC do CHCBeira como uma referência a nível nacional e contribuir também na produção de trabalhos de investigação para a comunidade científica internacional.