Tapada Dr. António em vias de classificação como “Sítio de Interesse Nacional”

Está em vias de classificação, como Sítio de Interesse Nacional, a Tapada do Dr. António, na freguesia de Cortes do Meio, em plena Serra da Estrela.

A abertura do procedimento foi publicada em Diário da República, esta quarta-feira e prevê a classificação de duas casas projetadas pelo arquiteto Luís Alçada Baptista, uma delas considerada o “refúgio para escrita de António Alçada Baptista” e, entre outros, José Cardoso Pires que ali terá escrito “O Delfim”, disse à Rádio Covilhã, Luís Batista.


Especifica que no local existem mais casas, mas apenas “duas obedecem ao projeto original do seu pai”, Luís Alçada Batista e são essas que “estão para classificação”.

Para além das casas o projeto de classificação abrange também o “sistema hidráulico existente na propriedade”, pela especificidade que tem. Luís Alçada Batista explica que a propriedade é “atravessada por 5 ribeiras onde existem açudes que desviam a água para levadas”. Açudes que mostram “como no passado se conseguia tirar partido da natureza, em condições adversas como as da Serra”. Considera que são “marcos que têm vindo a desaparecer com a industrialização e que ali ainda se mantêm”, alguns com “construção atribuída aos romanos e outras do Sec. XIX”, salientou.

O processo de classificação do local foi iniciado em 2006, por Luís Alçada Batista para “preservar o local face “à ameaça de construção no local, da denominada barragem das Cortes”, embora este afirme que “a barragem apenas veio apressar um processo que seria feito”, mas com mais calma e já “com algumas estruturas da Tapada já recuperadas”.

Até chegar ao nível “em vias de classificação”, em que se encontra o local, passou-se mais de uma década, “foram necessárias 3 candidaturas”, que apesar de “pareceres técnicos favoráveis por unanimidade, eram travados politicamente” acrescenta ainda o responsável pela candidatura.

Após a publicação em Diário da República o processo está agora em consulta pública, Luís Batista espera que até final do ano a “classificação esteja concluída”. Salienta ainda o facto de “nesta altura todo o perímetro estar já abrangido pelos “parâmetros de proteção que uma classificação desta natureza acarreta”.

À nossa reportagem afirma que é agora intenção da família que representa proceder à requalificação do edificado da propriedade, para que esta possa receber visitas de todos os que a queiram conhecer. “Com esta classificação a propriedade deixa de ser nossa para ser de todos”, afirma.

Para iniciar as obras aguarda a decisão judicial do processo que interpôs contra a Câmara Municipal da Covilhã, “quando em 2007 esta mandou entrar máquinas, à revelia, na propriedade e danificou parte da estrutura hidráulica”, especificando que “desde 2008 o caso se arrasta no tribunal”, esperando que “rapidamente seja solucionado para se fixar um valor aos estragos provocados e assim poder iniciar a recuperação”.