Em dia de aniversário da cidade oposição não poupou nas críticas

Na sessão solene da Assembleia Municipal da Covilhã, comemorativa dos 149 anos da cidade, as várias bancadas fizeram o elogio ao passado glorioso da cidade e suas gentes e não pouparam nas críticas ao executivo municipal, em dia que comemorava dois anos de mandato.

Vítor Reis Silva, da CDU, primeiro a usar da palavra no salão nobre, disse mesmo que “ao nível dos serviços de limpeza e manutenção da rede viária e de equipamentos públicos há pior gestão municipal”, que no passado. Criticou ainda a gestão do caso “bairro do património” que “teve uma solução pior do que a que existia” e no campo da habitação social afirmou que “os inquilinos estão abandonados”, a viver em situações “precárias e com habitação degradada”.

Reis Silva mostrou ainda “preocupação” face ao retrato social do município, “envelhecido e com parcos rendimentos”. “Um concelho onde se pagam serviços e taxas municipais “acima da média nacional” e onde se recebe “abaixo” dessa média. O líder da bancada da CDU afirmou mesmo que “50% da população vive abaixo do limiar da pobreza”.

Marco Aurélio, em representação da bancada do PSD, reproduziu as críticas feitas por covilhanenses anónimos a um jornal local. “Ruas a cair de podre”, “não se passa nada”, “elevadores sempre avariados”, foram algumas das frases ouvidas. Nessa descrição, o elogio vai para as gentes da Covilhã, cujas práticas de boa cidadania devem ser “compensadas”, frisou.

Especificou que “dadores de sangue devem por exemplo ter bilhetes para espetáculos culturais”, adotar animais abandonados “também deve dar prémio”. Já os estudantes que adotem os transportes públicos devem ter livros escolares gratuitos. Para Marco Aurélio “é assim que se influencia positivamente os cidadãos a participar na democracia”.

De resto, o deputado laranja defendeu que “com o auxílio das novas tecnologias” se devem criar mecanismos que possam colher o contributo dos cidadãos para criar “uma sociedade aberta e cooperante”. O eleito do PSD afirmou ainda que “retirar as freguesias foi um erro” logo devem ser “devolvidas” e no caso concreto da Covilhã deve ser “criada uma nova freguesia nas Penhas da Saúde”. Para Marco Aurélio é uma forma de “dar atenção à administração demográfica do concelho”.

Para o CDS, na voz de Graça Castelo Branco, o segredo para a evolução está “na aposta no conhecimento” e deu exemplos de boas práticas na Covilhã desde o séc. XVII, traçando um retrato de todas as instituições de ensino, desde o pré-escolar ao universitário.

Para a deputada centrista “a aposta na transferência de conhecimento é fator decisivo para a fixação, no concelho e na região, de investimentos industriais”. Afirmou que “a indústria de lanifícios foi o motor para o surgimento de muito do saber” e está na altura de lhe “devolver o conhecimento e inovação necessários ao seu desenvolvimento para voltar à pujança de outros tempos”. A bancada do CDS afirmou que “espera que assim seja” pois “é importante que assim seja”.

A perda de população do concelho, “que já se regista desde os anos 60” foi a grande preocupação que António João Rodrigues, do movimento De Novo Covilhã deixou espelhada na sua intervenção. Segundo dados que apresentou, de 1960 a 2011 a Covilhã perdeu 21 mil 160 habitantes o que representa cerca de “um habitante por dia”. Uma situação que nos últimos anos se agudizou “chegando à média de dois habitantes por dia”, frisou.

A juntar a estes dados o facto de “entre 1 de janeiro deste ano e 30 de setembro se tenham registado 165 nascimentos e 506 óbitos”. Contas feitas a Covilhã, este ano, pode perder “mais de dois habitantes por dia”, o que significa que “o processo de desertificação está numa curva ascendente” e “só um estado de miopia política” pode levar a afirmar “a que a cidade está viva e na moda” acusou.

António João Rodrigues afirmou que “o combate à desertificação tem que ser um desígnio nacional”, afirmando que urge “alinhar as políticas nacionais com as locais” e com apoios, entre outros, “à natalidade, criação de emprego, apoio à criança e descentralização de serviços públicos”.

Já para Jorge Viegas, que usou da palavra em nome do PS a gestão municipal “ tem sido sábia e ponderada”, com Vítor Pereira a mostrar uma “personalidade agregadora e geradora de consensos” e que, “apesar das dificuldades”, tem desenvolvido “um trabalho meritório na diminuição do passivo” e ainda assim fazer “obra de relevo para a região”. Realçando que as obras são estratégicas e resultam de um planeamento rigoroso e “se há críticas é bom sinal, é porque há obra e trabalho” referiu.

No final da sua intervenção, o presidente da Junta de Freguesia de Cortes do Meio apelou à união de esforços “para que os consensos sejam encontrados e nas matérias mais importantes prevaleçam os interesses da Covilhã”.