103 novos casos de violência doméstica na Cova da Beira até novembro

Entre 1 de Janeiro e 31 de outubro a Coolabora atendeu, no Gabinete de Apoio à Vítima, 103 novos casos de violência doméstica, a que se soma o acompanhamento de mais 109 de anos anteriores e destas 212 pessoas quase 90% são mulheres. São os números divulgados pela cooperativa que gere o programa Violência Zero nos concelhos da Covilhã, Belmonte e Fundão.

Segundo o gabinete o contexto de confinamento devido à Covid-19, “veio agudizar e intensificar uma outra pandemia, a da violência doméstica e da violência contra as mulheres”, assinala em nota de imprensa.

“Os pedidos de apoio caíram vertiginosamente no período de confinamento, momento em que registámos uma quebra de 75%, pelas dificuldades em pedir ajuda que a coabitação implica. Neste momento o número de pessoas em acompanhamento está já ao nível de 2019. Sabemos que há mais violência doméstica mas também que o acumular de medos que a pandemia comporta, relacionados com a crise económica, com a convivência, com a menor mobilidade os abafam. É importante que estejamos atentas e atentos, como colegas, como vizinhos, como familiares, porque a violência que agora vivemos poderá ter efeitos traumáticos a longo prazo”, especifica a cooperativa.

Neste dia de combate à violência contra as mulheres a Coolabora destaca também que “dos 103 novos casos que acompanhámos 38 libertaram-se a que acrescentamos mais 12 que estavam em acompanhamento desde anos anteriores. No total, vimos 50 mulheres tomarem conta dos seus destinos e libertaram-se do ciclo da violência”, frisa.

A Coolabora vinca ainda ainda a importância do trabalho em rede com as várias instituições no terreno, nomeadamente as forças de segurança que receberam mais 220 queixas e que encaminharam para atendimento 30% dos casos acompanhados pelo Gabinete da CooLabora, as unidades de saúde, como o Centro Hospitalar, o ACES e o CRI, que encaminharam 15% dos casos, a Ordem dos Advogados, o Ministério Público e o Tribunal, que entre muitas outras ações implementaram medidas de segurança fundamentais para as vítimas, o Instituto de Medicina Legal, o Centro de Emprego e a Segurança Social, mas também das escolas e a Universidade da Beira Interior, as três CPCJ da região e as três autarquias: Belmonte, Covilhã e Fundão.

Recordar que o dia 25 de Novembro, declarado pela ONU como dia internacional para a eliminação da violência contra as mulheres, vem lembrar que esta forma de violência não pode ser confundida com todas as outras porque tem raízes específicas. Há um problema estrutural de desigualdade de poder em desfavor das mulheres que perpassa toda a nossa sociedade e que faz com que uma em cada quatro mulheres com mais de 15 anos viva ao longo da sua vida pelo menos uma situação de violência. Este problema tem impacto nas mulheres, nas suas crianças, nas famílias e em toda a sociedade. Basta lembrar que as 16 mulheres que este ano foram assassinadas no âmbito de relações de intimidade deixaram 21 órfãos.