Presidenciais com resultado para “refletir”. “Preocupante” concluiu painel da RCC

“Preocupantes”, devem “fazer refletir todos os partidos ditos tradicionais”. Esta foi a conclusão do painel de comentadores da RCC face aos resultados eleitorais deste domingo, olhando para os resultados nacionais, da Beira Interior e do concelho da Covilhã.

Na Beira Interior Marcelo Rebelo de Sousa venceu com 63,17%, André Ventura em 2º com 14,04%, seguindo-se Ana Gomes com 10, 97%.

Referir que nos 26 concelhos da Beira Interior, Ana Gomes apenas retirou o segundo lugar a André Ventura em 3, Covilhã, Manteigas e Gouveia, sendo que foi na Covilhã, com 13,86%, que teve a sua maior votação.

Na Beira Interior Marcelo Rebelo de Sousa teve as maiores votações na Pampilhosa da Serra com 75%, seguindo-se Figueira de Castelo Rodrigo com 74,98% e Oleiros com 74.38%. Os piores resultados deste candidato aconteceram em Castelo Branco com 57,79%, Idanha-a-Nova com 59,90% e Penamacor com 60,98%.

André Ventura teve os melhores resultados em Penamacor com 18.24%, Castelo Branco com 17.95% e Idanha-a-Nova com 17.77%, sendo os piores em Manteigas com 9.10%, Pampilhosa da Serra com 9.34% e Covilhã com 9.55%.

Ana Gomes teve a melhor votação na Covilhã com 13.86%, Manteigas com 12.78% e Gouveia com 12.09%. Os piores resultados desta candidata foram em Aguiar da Beira com 6.19%, Pampilhosa da Serra com 6.41% e Vila de Rei com 6.80%.

Sem contestarem a vitória, de certa forma esperada, de Marcelo Rebelo de Sousa, o painel do programa “Praça Pública”, constituído pelos líderes de bancada na Assembleia Municipal da Covilhã, referiu por diversas vezes a palavra “preocupante” ao longo da noite, para se referir à subida da “extrema-direita”, que deve levar “os partidos tradicionais a refletir”.

Luís Fiadeiro, do movimento independente “De Novo Covilhã” considera que Marcelo teve uma vitória “avassaladora” e destaca o facto de André Ventura, no concelho da Covilhã, ficar à frente do candidato da CDU e do Bloco de Esquerda, frisando que “é um facto inovador”. Para o líder da bancada independente Marcelo conseguiu “congregar à sua volta eleitorados de vários partidos”, vincando que “as eleições em Portugal se ganham ao centro”, como ficou provado.

Luís Fiadeiro frisa que é preciso “refletir sobre este resultados”, salientando que os “surtos populistas surgem devido à crise” e que os demais partidos “têm que refletir sobre os seus comportamentos”.

João Vasco Caldeira, líder da bancada do CDS-PP e também líder da concelhia e da distrital do partido, disse ao longo da noite que a votação que André Ventura conseguiu também se deve ao facto de o seu partido não ter candidato próprio.

Salienta que nesta eleição “não nos podemos esquecer também dos populismos de esquerda que Ana Gomes representa”, vincando que “é preciso qualificar bem todos os candidatos, não só os populistas de direita”.

Para o centrista “é preocupante o resultado Ventura na Covilhã”, mas destaca o facto de aqui Ana Gomes ter ficado à sua frente, “o que é positivo” porque “travou o crescimento do candidato de espaços políticos não muito recomendáveis”. Afirma que é “preocupante que tanta gente vote em alguém que traz consigo as verdades de café, mas que têm que nos preocupar”.

Hugo Lopes, do PSD, “não esperava ver quase 75% do país a votar em candidatos mais conotados com a direita”, embora frise que “se há centro em Portugal ele personalizado por Marcelo Rebelo de Sousa”. Olhando para a Beira Interior, afirma que todos os partidos têm que “refletir” porque André Ventura fez quase o pleno no segundo lugar e “roubou votos” a todos, destacou.

Para Hugo Lopes, tal como nos EUA, há uma “maioria silenciosa” que não diz que vota André Ventura, mas em protesto coloca aí o seu voto. “Não é um facto transponível para outras eleições, mas que tem que se refletir”, afirma.

Hélio Fazendeiro, líder da bancada do PS, considera que o voto em André Ventura reflete a “falta de engajamento partidário da candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa” que tinha o apoio de PSD e CDS mas não era o candidato destes partidos. Afirma que ainda assim é “preocupante que em Portugal este consiga 500 mil votos”.

Sobre o caso concreto da Covilhã, o concelho no seu entender “revelou-se um bastião de Ana Gomes”, conseguindo “uma pequena vitória”. O líder da bancada do PS salienta que estes resultados também acontecem porque “não havia mobilização dos socialistas em bloco num candidato” e o mesmo aconteceu com a direita, nomeadamente PSD e CDS.

Vítor Reis Silva, da bancada da CDU, considera que a Covilhã aparece na Beira Interior como a tradição de luta operária e os resultados mais à esquerda comprovam. “Os votos da CDU e do Bloco são superiores aos da direita radical e se somarmos os de Ana Gomes a esquerda tem muito mais peso”, afirmou.

Sustenta que “a análise aos resultados tem que ser cuidadosa” mas numa primeira abordagem diz que é “preocupante” que alguém venha “comer” no descontentamento da população. Para o comunista tal só se muda “resolvendo os problemas das populações que votaram em protesto, caso contrário a extrema-direita continuará a reforçar-se”.