“…um jornal feito de alunos para alunos!”

Marco Saldanha, José Carlos Costa e Anabela Cardoso, agora ex-alunos da Universidade da Beira Interior foram os responsáveis pela recriação do jornal +Academia em 2014, pois na altura consideraram que seria um bom projeto para apresentar, quer durante a campanha, quer no próprio mandato, sobretudo sendo o mandato em que a associação académica completava o 25º aniversário. Uma vez que no presente ano de 2021, o +Academia aparece com uma nova cara quisemos saber como tudo começou, quais foram as reações dos leitores à primeira edição do jornal e até quais os conselhos que estes ex-alunos e ex-membros do +Academia têm para nos dar.

Como é que surgiu a ideia do +academia?


José Carlos- Eu sabia que havia uma revista já anterior da associação académica, na altura acho que com a última edição em 2009/2010.

Marco Saldanha- A revista já se chamava +Academia. Nos 25 anos decidimos repescar alguma coisa do passado, apesar de as pessoas associarem os jornais a uma coisa mais démodé por assim dizer, um jornal mais de papel. Nós nesta altura já tínhamos outras formas de lançar o jornal, quer pelo Facebook, quer por outras plataformas eletrónicas e achámos que seria engraçado. Inicialmente também lançámos para as faculdades por papel, visto que a universidade assumiu um apoio em que parte da impressão era assumida por eles, e achámos que seria sobretudo engraçado ir buscar uma ideia que tinha caído. Há pessoas que estão ligadas a essas partes da academia, mas há outras que estão completamente desligadas e a esses não chega a informação do que se passa e a nossa ideia era que, através do jornal, talvez se o aluno visse no banco da faculdade ou qualquer coisa pegasse e pensasse que o núcleo não era só para as festas, ou para isto e para aquilo, e queríamos passar um pouco dessa ideia, que não era só da associação, grande parte era suportada pelas atividades dos núcleos.

Como foi a reação dos leitores à 1ªedição?

Marco- O impacto foi bom. Havia a divulgação nas faculdades e as pessoas é a tal coisa, quando é novidade têm curiosidade de ir consultar a mais que não seja, pegar, ver, ler, saber se interessa ou não interessa, e no caso de interessar, levar para casa.  A recetividade das pessoas, foi boa ao início e mesmo atualmente, para qualquer um de nós nem é tanto um gozo de estar a falar de um projeto que é nosso, mas é sim o gozo de ver que o projeto continua e isso dá na alguma satisfação pessoal, porque é sinal que nessa altura resultou. Também tem a parte de formação que dá essa oportunidade. Eu não sou dessa área, mas acho que dá muita hipótese à malta de comunicação de ter um projeto em que se revê, em que trabalha e em que depois tem a parte do feedback do público.

Anabela, esperavam que o +Academia tivesse a continuidade que teve até aos dias de hoje?

Anabela- Todos nós gostávamos que o projeto continuasse, acho que essa é que é a realidade. A parte da colaboração, do associativismo, do estar envolvido em algo da universidade, é de facto a parte mais importante e acho que todos gostávamos que houvesse esse projeto. A meu ver este projeto interligava os cursos, a associação, os núcleos, ou seja, era um projeto que não era um simples jornal. Era uma união entre vários organismos, associações, núcleos, cursos e tudo mais.

Foi fácil gerir as aulas com o recriar deste projeto?

José Carlos- Nós alunos de Ciências da Comunicação, temos a oportunidade de trabalhar em três áreas distintas a nível de jornalismo e temos três órgãos dentro da universidade virados para isso, que é a TUBI, a RUBI e a URBI ET ORBI, mas estes são sempre coordenados, supervisionados por professores ou técnicos ligados à universidade. Neste caso em concreto, eramos nós, responsáveis editoriais que fazíamos a supervisão dos textos que eram feitos. O Marco também falou, e bem, tínhamos dois formatos, tínhamos o formato on-line onde colocávamos o PDF para fácil acesso, mas também o formato impresso eram 200 exemplares que fazíamos por cada edição.

Marco Saldanha- O associativismo está em darmos um bocadinho do nosso tempo para aquilo que podemos e em prol de alguma coisa. O associativismo nas nossas idades acho que é muito importante, até nesta parte que vocês estão a falar, que é gerir o tempo. Nós sabemos que não podemos desleixar-nos, por assim dizer, nos estudos, mas ao mesmo tempo estamos integrados num projeto e queremos levar a bom porto esse projeto. Sabemos perfeitamente na universidade então que é ainda mais difícil conciliar, não agora em tempo de pandemia, mas na altura, a universidade, a associação, noite… queremos usufruir um bocadinho de tudo aquilo que a universidade tem para nos dar e que essa altura nos dá. Acho que isso depois mais tarde vem se a refletir,  isso é notório até porque as empresas reconhecem isso, que quem pratica associativismo ou quem se envolve em projetos como o +Academia, ou como o URBI ET ORBI, ou área que não só de comunicação ou de jornalismo, a área desportiva por exemplo, são sempre mais valias e que a nível profissional, um dia mais tarde, nos trazem alguns frutos que nos ajudam a mecanizar e a organizar melhor o nosso tempo, assim como a gerir melhor as coisas deste projeto e o Zé já explicou bem a quantidade de pessoas que estavam envolvidas e, para eles os dois principalmente organizar e esquematizar o tempo, avisar as pessoas, fazer horários para as pessoas estarem escaladas, para darem cobertura aos eventos, etc.…a gestão de projetos é essencialmente através destas causas e acho que isso é muito importante e deve ser dada continuidade.

Anabela- Só queria acrescentar aqui uma frase que eu acho que é bastante bonita e vocês vão concordar que é,  um trabalho que dá trabalho mas que também dá muito prazer, e eu acho que isso é a conclusão que nós tiramos disto tudo, trabalhámos muito, dormimos pouco e fizemos o nosso curso à mesma, somos a prova viva de que tudo é possível e que tudo é possível coordenar, e achamos que ficou mais ou menos tudo bem feito, umas vezes melhor, outras vezes mais ou menos mas é um trabalho do qual nos orgulhamos, ainda bem que estamos a falar dele tantos anos depois.

José Carlos- Nós em comunicação, muitas vezes só começamos a colocar em prática quando chegamos ao segundo ou ao terceiro ano, eu estava aqui a verificar na parte da redação, havia aqui muitos colaboradores que faziam parte do primeiro ano, que se calhar a primeira experiência ao ver um artigo publicado deles em algum sítio foi se calhar através do +Academia, isso também acaba por ser bastante interessante.

Anabela quais foram para si as experiências que ganham com este projeto e até os ensinamentos que levou com o futuro?

Anabela- Sobretudo ferramentas de trabalho importantes, ferramentas de organização que provavelmente hoje aplico no meu trabalho diário, porque a gestão de tempo, acho que foi aquilo que eu mais aprendi, foi gerir e segmentar bem o meu tempo para cada uma das áreas que eu tinha que fazer e para as quais eu tinha que me aplicar, e também uma das mais importantes é a colaboração e a equipa, porque pertencer a um núcleo, pertencer a uma associação académica, nós não somos um, somos uma equipa, nós somos 10, 12, 14,  somos todos juntos, funcionamos para uma instituição que é refletida muitas vezes no presidente, porque é ele que fala, mas é uma equipa que está por trás a trabalhar num, todos os dias.

Que conselhos podem dar a novos elementos, como nós?

José Carlos- Antes de mais que aproveitem esta oportunidade que vos está a ser dada, tentem acima de tudo, se calhar até mesmo através destas entrevistas, procurar um pouco, às vezes de opiniões, de inspirações para saber como é que podem fazer este jornal, porque há uma coisa que eu penso muitas vezes nisto que é, eu às vezes quando olho para trás e penso naquilo que fiz, se fosse agora se calhar fazia mais umas 30 ou 40 coisas porque a maturidade e a experiência, já é outra. Se calhar também vos recomendava isso, acima de tudo que tenham as ideias, que as coloquem em prática, que deem voz aos alunos porque é muito importante, pelo menos da minha altura sinto um pouco isso, que é olham muito para nós, quase como aquela juventude que aprende e muitas vezes não tem voz ativa, voz participante na universidade, muitas vezes o aluno era um pouco, não vou dizer desconsiderado, mas a importância em lugares de decisão, como era por exemplo o conselho geral, a comparação que se fazia entre professores e alunos era claramente diferente. Acho que não havia aqui a questão muitas vezes de valorizar o papel do aluno como um papel interventivo de uma academia, e acho que o jornal +Academia tem esse poder, de dar voz aos alunos, mostrar o trabalho que é feito, e é um pouco o que eu desafio a fazer. Deem voz a tudo aquilo que é feito por vocês, e acima de tudo, sejam um elemento ativo durante estes anos que são sem dúvida, anos que vocês vão levar para a vida, infelizmente vocês estão a passar por uma fase em que as experiências não são tantas como aquelas que nós vivemos na altura, porque o tempo assim o exige, mas acredito que ainda vão a tempo suficiente para ter essas experiências, e se calhar vividas com uma outra intensidade que nós não vivemos, e acreditem que era muita, porque vocês nunca tiveram essa ausência, mas façam de tudo para poder ter este papel interventivo.  O jornal tem esse poder, o de ser um papel interventivo no que ao papel dos estudantes diz respeito dentro da academia. Se não estou em erro,  o jornal +Academia está a surgir novamente por parte da associação académica, parabenizo a direção da associação académica por fazerem regressar este formato, sabemos que hoje em dia a questão do online, pode ser muito bem trabalhada, mas pensem também nessa questão do papel, ou de outra forma, poder chegar isso a outras e outros agentes dentro da universidade, se calhar agora ou por exemplo, uma sugestão que posso deixar, é enviá-lo através de e-mail marketing para professores, para funcionários da universidade, para que se perceba aquilo que os alunos estão a fazer e desejo toda a sorte do mundo para vocês, neste projeto, durante o curso da universidade e depois no futuro. 

  • Rui Paixão
  • Vera Duarte