“Nunca na UBI houve tanta vida e tão pouco dinheiro”, uma dualidade que o reitor António Fidalgo fez questão de salientar na cerimónia de início de ano letivo que ontem decorreu ao fim da tarde. “O subfinanciamento da instituição ensombra os resultados positivos ao nível da colocação de alunos. Nunca como agora houve tanta vida, colocámos mais de 95% das vagas, temos as cantinas e residências cheias, nunca como agora a vida da cidade foi marcada pelo ritmo académico e nunca como agora o subfinanciamento foi tão agudo”, afirmou o reitor.
Não são novas as queixas do reitor – o défice da instituição regista-se desde 2010 e este ano a instituição optou por não entregar o orçamento, como forma de protesto e porque contabilisticamente o seu equilíbrio não era possível dado o défice de 1,2 milhões de euros. Uma situação que, para além de tornar pública, o reitor já levou à comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República, e espera que as suas pretensões de financiamento sejam contempladas no Orçamento do Estado. Uma situação cada vez mais “constrangedora do desenvolvimento da instituição” referiu o Reitor, que “não permite a contratação dos professores que eram necessários, obriga a que em muitos cursos haja demasiados docentes convidados, com contratos temporários”. Uma situação que, disse o reitor “tem que ser alterada”. Afirma que “é para isso que pede dinheiro, não para o ter em caixa”. António Fidalgo reforça que “as previsões se confirmam e a UBI vai fechar o ano com 1 milhão 250 mil euros em terreno negativo”.
De resto o reitor avança que nesta altura tem já concursos a decorrer para 7 professores auxiliares e conta abrir outros até final do ano, “assim o financiamento o permita”.
A questão do financiamento da UBI foi também abordado pelo presidente do Conselho Geral Ferreira Gomes, que vai mais longe que o reitor e pede “discriminação positiva para a Instituição”. Acrescenta que “isso é possível sem anular a saudável competição entre as instituições”. Salienta ainda que a “inclinação que se nota é preciso ser corrigida, para que as instituições do interior também consigam captar investigadores, para um serviço educativo de qualidade”.
Também a presidente da Associação Académica da UBI Raquel Bento levou o tema para o seu discurso. “O garrote financeiro da UBI tem que acabar”, defende a líder dos estudantes, que adiantou que juntamente com Coimbra “já aprovaram a alteração ao modelo de financiamento e pretende que este tema passe para a agenda das reuniões gerais das associações”. A presidente da AAUBI apelou ainda “à ajuda da Câmara da Covilhã para ultrapassar esta situação”.