“Explorar lítio a qualquer preço não”

 “Explorar lítio a qualquer custo não” foi a principal ideia deixada durante o primeiro fórum Nacional do lítio promovido pela Associação Ambientalista Quercus, no último sábado, no Barco.

Especialistas, populações e instituições deixaram claro no fórum que não foram ouvidos neste processo e recusam, que os benefícios económicos sejam superiores aos sacrifícios ambientais. Deixaram expresso que “não são contra o lítio”, mas contra a “forma como o processo decorre na região e no país”.


Luís Morais, presidente da Junta de Freguesia do Barco e Coutada, alertou na sua intervenção para os efeitos nefastos que uma exploração a céu aberto tem para a população, dada a sua localização, a 500 m da aldeia e a 200m do rio Zêzere.

O autarca fala “da poluição, das poeiras” e também um “impacto económico negativo a nível imobiliário para as famílias, que segundo refere está contabilizado em 200 milhões de euros. Aponta ainda a “destruição de cursos de água, ecossistemas, fauna e flora” no que considera um “golpe severo para a saúde e qualidade de vida da população”.

Uma posição que Hélio Fazendeiro também defendeu. Em representação da Câmara Municipal da Covilhã, o chefe de gabinete do presidente da autarquia refere que a “autarquia esteve desde o primeiro momento ao lado da população”, porque não “será possível explorar lítio neste local preservando o que nos distingue, a natureza”.

Os especialistas presentes no Fórum também defendem que os efeitos para população, ambiente e natureza serão nefastos.

O investigador do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território ( CEGOT), Anselmo Gonçalves, afirmou mesmo que com este tipo de mina “rasgam-se colinas, altera-se a vegetação, exterminam-se as espécies e contaminam-se os lençóis de água”.

Anselmo Gonçalves afirma que a exploração não pode ser a qualquer preço. Disse aos jornalistas que “Portugal não pode querer ser o maior produtor de Lítio da Europa, quando põe em causa o direito à vida nesta região”.