A necessidade de legislar para clarificar os direitos dos cuidadores informais, foi o apelo expresso pela mesa que compôs a cerimónia de abertura do primeiro seminário de cuidadores informais da Cova da Beira, esta manhã no Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira, CHUCB.
No caso concreto da Cova da Beira, muitos dos cuidados prestados no domicílio assentam “nestes cuidadores informais” e para João Casteleiro, presidente do Conselho de Administração do CHUCB, o interior neste caso “tem vantagens”. “Aqui, a grande maioria das famílias recebe os seus após hospitalização, o que não acontece nos grandes centros”, referiu.
João Casteleiro mostrou-se otimista quanto ao número de cuidadores necessário para fazer face às necessidades, mas ainda assim o clinico reportou casos de pessoas, que poderiam ter alta, caso houvesse condições para regressar a casa, “o que nem sempre acontece”, frisando que nesses casos “faltam camas para cuidados continuados” na região. Uma realidade que poderá mudar em breve uma vez que, avançou estão previstas mais cerca de 40 na Covilhã, na Santa Casa e 40 no Fundão.
Vítor Pereira presidente da Câmara da Covilhã citou um estudo encomendado pelo governo que aponta para a existência de cerca de “800 mil cuidadores informais”, que anualmente representam cerca de 4 mil milhões de euros, mas que “não são pagos”. Para o autarca é necessário “ir mais longe do que o que se foi na anterior legislatura para clarificar os direitos destas pessoas”, afirmando que tem que se ter em linha de conta “o seu salário, a sua carreira contributiva e até mesmo questões laborais” que permitam o cada vez mais cuidar em casa.
O papel “imprescindível” do cuidador informal foi também realçado pela enfermeira diretora do CHUCB. Ana Paula Rodrigo afirmou que estes encontros se revestem de “extrema importância, para se debater a situação atual, mas também para perspetivar o futuro”.
Presente esteve também a presidente da Assembleia Geral da associação nacional de cuidadores informais, Liliana Gonçalves que chamou a atenção para o facto de a mulher ser quem mais cuida referindo que neste aspeto há também questões laborais que precisam ser alteradas, para permitir o “cuidar em casa” com todos os “benefícios” que lhe são apontados.
Já Carlos Martins, enfermeiro, em representação do ACES Cova da Beira, disse que “o seu sonho para a Cova da Beira era ter poucos polos assistenciais formais, mas muitos nos domicílios das pessoas, porque é preferencial”, afirmou.