Apesar de haver duas convocatórias diferentes, uma das reuniões dizia respeito à reunião de abril que foi adiada, os trabalhos da última Assembleia Municipal da Covilhã prolongaram-se desde as 09:00, hora da primeira convocatória, até perto das 22:00, com uma curta pausa para almoço.
Combate à pandemia, fatura da água, portagens, estradas municipais e educação foram alguns dos temas que durante o período antes da ordem do dia levaram à troca, por vezes muito acesa, de argumentos entre as bancadas da oposição e a maioria socialista na autarquia e na Assembleia Municipal.
“Na Covilhã a democracia ficou suspensa e o presidente deu-se ao luxo de governar a seu belo prazer através de despachos” acusou o CDS, concluindo que em todo o processo de combate à pandemia o presidente “foi mal aconselhado” por não ouvir a oposição como se verificou “no famoso caso dos termómetros para obras que adquiriu”.
O preço das máscaras distribuídas à população também foi questionado, o que levou à resposta do PS “o problema, se calhar, é não serem azuis e não terem o símbolo do CDS, mas são certificadas”.
Ainda sobre a pandemia, o PSD acusou a CMC de, “como bom aluno socialista e vencedor de vários prémios de mérito no compadrio e troca de influências”, ter adquirido testes à polémica empresa do ex-sócio do Secretário de Estado da Juventude e Desporto no valor de 70 mil euros. Foi mais um momento de troca de “mimos” que levou à intervenção do presidente da AM e a vários eleitos a pedirem a palavra para “defesa da honra”.
Uma situação que foi mais tarde explicada pelo presidente de câmara. Os testes em causa foram adquiridos segundo o aconselhamento técnico de uma patologista do Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira, Conceição Faria e Sílvia Socorro do CICS-UBI. “Vêm para aqui criticar mas erraram o alvo, essas pessoas estão acima de qualquer suspeita”, disse o presidente. “Quem vem para aqui lançar porcaria para a ventoinha acaba por levar com ela”, referiu.
Críticas da oposição que o presidente de câmara desvalorizou frisando que os covilhanenses, por duas vezes, aferiram a credibilidade de quem o acusa.
“Deus vos conserve durante muitos anos como opositores” foi a frase proferida pelo edil. “Vêm para aqui com conversa de café, deitam para fora da boca pedradas que depois fazem ricochete e eles é que levam com elas”, concluiu.
A água foi outro dos pontos criticados, com a oposição a acusar a maioria de “embuste” ao prometer a diminuição do preço da fatura e nada fazer. Vítor Pereira voltou a explicar que “só com a negociação que está em curso com a empresa Águas da Serra poderá resolver este tema”.
A intervenção de Rosália Rodrigues (PS), a elogiar a performance do executivo e que terminou com a deputada a afirmar que “a notícia é quando o homem morde o cão e não quando o cão morde o homem, e a oposição na Covilhã conhece este bem preceito”, foi motivo para novo incendiar de ânimos.
João Lopes Bernardo (CDS) disse mais à frente que estava “consternado por ver a fidelidade canina aplicada a algumas espécies que não os cães” e considerando “ofensiva” a intervenção da deputada socialista, respondeu que “quem precisa de açaime é a posição e não a oposição”, concluindo que “é preciso controlar as intervenções porque quem não quer não se põe a jeito”.
Intervenção que foi motivo para novos protestos por uso de linguagem que não dignifica a assembleia.
Quase a fechar os trabalhos, novo momento quente com Quelhas Gaspar (PS) a acusar a direita de “não ter ouvido as intervenções e ter conversado durante todo o dia”.
Os ânimos só acalmaram para fim de reunião com o “pedido de calma” do presidente da Assembleia Municipal, João Casteleiro.
“Foi um orgulho estar aqui estas horas todas, todos temos o direito à nossa opinião, e temos que ter essa tolerância uns com os outros, eu também não concordo com o que está a dizer mas tenho que ouvir”, vincou João Casteleiro, terminando os (longos) trabalhos “com dignidade”.