O antigo vice-presidente do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes, e vereador na Câmara Municipal da Covilhã, afirmou ontem que não avançou para uma candidatura à Presidência da República porque a direção do partido “fez saber” que o seu nome seria “inaceitável”, acusação rejeitada pelo líder, segundo notícia da Agência Lusa.
As declarações foram proferidas no Conselho Nacional do CDS-PP. Adolfo Mesquita Nunes começou por assinalar que, “durante largos meses, o partido distanciou-se de Marcelo Rebelo de Sousa”, o atual Presidente da República, e que “a direção e o seu presidente fizeram críticas” à atuação do chefe de Estado. Vincou que “ao fazer esta escolha, estava a caminhar para a apresentação de um candidato próprio [nas eleições presidenciais de janeiro de 2021], porque de facto há muito para criticar no mandato de Marcelo Rebelo de Sousa”, acrescentou.
Lembrando que o seu nome foi lançado para uma eventual candidatura “por dirigentes” e “personalidades do PSD e do CDS e também da Iniciativa Liberal e da sociedade civil”, Mesquita Nunes defendeu que uma candidatura presidencial também depende, além da vontade individual, “das condições” e do “contexto político”, mas “a direção fez saber, uns em ‘on’ e outros em ‘off’”, que o seu “nome era inaceitável para esta direção, e que era melhor lançarem-se outros nomes”.
“Eu, perante essa demonstração, só fiz uma coisa, foi registar e atuar em conformidade. Não me passa pela cabeça, nem me passaria pela cabeça, anunciar ou lançar uma qualquer candidatura presidencial contra o meu próprio partido, contra a direção do meu próprio partido, contra aquilo que era a vontade do partido”, sublinhou.
“Sem nunca ter falado mais do que isto, disse apenas: não sou candidato. E nunca mais voltei a falar do assunto até hoje, e acho que o tratei com todo o institucionalismo”, defendeu, alertando que o seu “silêncio ao longo destes meses” não deve ser interpretado “como aceitando a ideia de que não houve um candidato porque o candidato não quis”.
Adolfo Mesquita Nunes salientou então que “não houve candidato” do CDS “porque a direção do partido fez saber”, através da comunicação social e das redes sociais, que o seu nome “não poderia merecer o apoio” do partido.
O antigo vice-presidente do CDS falava antes da votação sobre um eventual apoio a Marcelo Rebelo de Sousa nas próximas eleições presidenciais, entretanto confirmado com a votação dos conselheiros.
Na sua segunda intervenção do dia, o presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, notou que Adolfo Mesquita Nunes “nunca informou, nem comunicou à direção do partido nenhuma intenção de se candidatar à Presidência da República”, pelo que pensou ser “um boato lançado por outros partidos”, frisando que “não é verdade que alguma vez a direção do partido tenha rejeitado o nome do Adolfo como candidato”, acrescentou Francisco Rodrigues dos Santos, advogando que até agora “ainda não é claro se queria ser candidato”.