PCP Covilhã condena demolição do “Tinte Velho” e acusa autarquia de inércia e desinteresse

A demolição do “Tinte Velho” “representa um enorme atentado à memória coletiva da cidade da Covilhã” acusa o PCP, vincando que “condena vivamente este ato”.

Em requerimento enviado à Assembleia Municipal da Covilhã, a bancada do PCP naquele órgão, questiona a ação da autarquia para “evitar este desfecho” e no preâmbulo das questões tece duras críticas à atuação do atual, e anteriores, executivos municipais.


Segundo refere o documento enviado à redação da Rádio Clube da Covilhã, “apesar de competir à Câmara Municipal assegurar, incluindo a possibilidade de constituição de parcerias, o levantamento, classificação, administração, manutenção, recuperação e divulgação do património natural, cultural, paisagístico e urbanístico do município, incluindo a construção de monumentos de interesse municipal, a verdade é que a atuação do poder municipal, deste, e anteriores, caracterizou-se, neste caso concreto, pela omissão, abandono, inércia e desinteresse, contribuindo em grande medida para este desfecho”.

A acusação engloba também os proprietários do imóvel “curiosamente os mesmos do edifício ao lado, atualmente requalificado, que sendo certamente conhecedores do valor histórico do edifício não hesitaram na sua destruição, certamente em nome de outros valores”, escreve o PCP.

Recordando que a Direção Regional de Cultura do Centro propôs, em 17 de fevereiro de 2015 que se considerasse a classificação do conjunto como CIM (Conjunto de Interesse Municipal), tendo a DGPC, com base em parecer técnico favorável, dado conhecimento à Câmara Municipal da Covilhã, do despacho de concordância com esta proposta, em 13 de maio de 2020, os eleitos pelo PCP querem saber “o que fez a Câmara para concretizar a classificação e evitar a destruição?”.

O grupo parlamentar do PCP questiona ainda se a “câmara recebeu algum pedido de informação prévia ou licença de obra de demolição, e se “aprovou algum projeto que propunha a demolição? E se sim, porque não acautelou a manutenção das paredes pré-existentes de alvenaria de pedra?”, questiona ainda, entre outros, se existe algum projeto urbanístico para aquele local.

Recordar que o “Tinte Velho” era uma construção antiga, junto à Ribeira da Goldra, que terá acolhido, a partir de 1759 a oficina de tinturaria com que o Capitão-mor Simão Pereira da Silva iniciara o seu complexo fabril na Covilhã. Constituía o último exemplar das primitivas oficinas de tinturaria instaladas na Ribeira da Goldra e foi demolido recentemente.