aBeirar: “Água, céu e rocha” vistos com olhos de cientista, guiados pelos escritores locais

Juntar aos três melhores elementos naturais dos 15 concelhos que compõem a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela – água, céu e rocha –  os textos de escritores locais e os olhos curiosos que podem levar cada um de nós a ser cientista, é o conceito que está por trás da iniciativa “aBeirar” que hoje foi oficialmente apresentada.

Trata-se de uma parceria que envolve a Rede de Bibliotecas da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE), a Plataforma de Ciência Aberta no Município de Figueira de Castelo Rodrigo, a associação Estrela Geopark Mundial da UNESCO e a Universidade da Beira Interior e que pretende “promover a participação cívica em ciência, contribuindo para a construção de conhecimento”, explicou Maria Vicente, da Plataforma de Ciência Aberta.


A responsável falava na cerimónia oficial de apresentação do evento que decorreu no Covão d’Ametade, local escolhido porque “tão bem exemplifica a extraordinária riqueza que nos cerca e pretendemos valorizar”, explicou.

Em termos práticos o aBeirar irá “materializar o conceito de ciência cidadã”, provando que “cada um de nós pode ser cientista amador”, desafiando “a olhares curiosos”, enquanto realizamos caminhadas para observar um curso de água, o céu, ou rochas, sendo que estas serão “guiadas e inspiradas pelas palavras de escritores locais”, em livros previamente selecionados pela rede de bibliotecas.

Incentivar a interação entre a comunidade científica e a população, levando-a a olhar de forma diferente para o território e os seus hábitos, “é interessantíssimo”, destacou o presidente da Câmara Municipal de Manteigas, Esmeraldo Carvalhinho, anfitrião nesta cerimónia.

Por seu lado Luís Tadeu, presidente da CIM-BSE, frisa que a iniciativa irá “lembrar a muitos, e dar a conhecer a outros, escritores únicos que temos no território”. Frisa o excelente trabalho da rede de bibliotecas que “a propósito dos elementos água, céu e rocha fez um levantamento magnífico”.

“Desafia” desde já os naturais da região a participar, para “conhecerem a realidade do território e assim, com essa maior capacidade e conhecimento o mostrarem a outros”.

José Páscoa, Vice-reitor da UBI, vinca ainda o lado científico da iniciativa, considerando que “direcionado aos mais jovens pode ser uma forma de os seduzir para a ciência”, recordando que até “um cientista amador pode fazer grandes descobertas”.

Cada um dos 15 municípios da CIM vai receber uma iniciativa de ciência cidadã, sendo que as ações sobre o tema da água serão as primeiras e o espetáculo inaugural será no Paul, a 8 de maio.

Uma iniciativa que pretende mostrar uma “Ribeira diferente, mesmo a quem a conhece”, disse Regina Gouveia, vereadora da cultura no município da Covilhã, à RCC. “Será explorada na perspetiva da ciência e da sua ligação à literatura, dando uma visão completamente diferente, mesmo a quem já a vivenciou”, frisa a autarca, que se mostrou “orgulhosa” do projeto.

O ciclo de eventos relacionados com a água irá decorrer durante a primavera, nos municípios de Covilhã (08 maio), Pinhel (15), Sabugal (22), Celorico da Beira (29) e Gouveia (05 junho).

Seguem-se atividades sobre o céu que irão decorrer em Belmonte (03 julho), Figueira de Castelo Rodrigo (10), Almeida (17), Fornos de Algodres (24) e Seia (31).

O tema da rocha será trabalhado em ações agendadas para os concelhos do Fundão (02 outubro), Mêda (09), Guarda (16), Trancoso (23) e Manteigas (30).

A CIM-BSE é constituída por 15 municípios, Covilhã, Belmonte, Fundão, Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Guarda, Gouveia, Manteigas, Meda, Pinhel, Seia, Sabugal e Trancoso.