Bruno Borralhinho publicou em livro a sua tese de doutoramento “Poder y Musica Clásica en el Portugal del siglo XX” que defendeu em maio do ano passado na Universidade Carlos III, em Madrid e que obteve nota máxima.
“Uma tese excelente onde tive o gosto de ser um dos arguentes” escreveu na altura Rui Vieira Nery.
Violoncelista e “maestro notável” descreveu Rui Vieira Nery, Bruno Borralhinho “não precisaria de mais nenhum grau académico para consolidar a sua carreira artística brilhante”, segundo o artista, que salienta o “reconhecimento” que Bruno Borralhinho já tem “no primeiro plano europeu”.
Borralhinho publica o livro em espanhol porque considera “necessário que se fale mais do âmbito da música em Portugal no estrangeiro”, apesar de que o tema esteja “absolutamente focado em Portugal”, referiu à Agencia Lusa.
“A quantidade de investigações sobre Portugal, tanto em Espanha como pelo mundo fora, são lamentavelmente escassas e insuficientes. O meio musical português e a música portuguesa merecem muito mais atenção, por vários motivos”, referiu.
Apesar de reconhecer “não ser, em princípio, aconselhável fazer uma investigação académica sobre um espaço temporal tão extenso”, Borralhinho considerou “muito interessante” o facto de Portugal ter tido quatro regimes fundamentalmente distintos ao longo do século XX, desde a monarquia à democracia passando pela Primeira República e pela ditadura.
Por isso, o autor resolveu “assumir o risco de fazer uma análise histórica e comparativa da relação do âmbito musical erudito ou dito ‘clássico’ com as diferentes formas de poder” e a conclusão “mais impressionante” a que chegou “foi que as mudanças de regime não significaram diferenças demasiado substanciais para a generalidade do setor musical”.
O maestro e violoncelista Bruno Borralhinho nasceu em 1982, na Covilhã, é membro da Orquestra Filarmónica de Dresden na Alemanha e diretor artístico do Ensemble Mediterrain. Apresenta-se regularmente como solista com orquestra, em recitais, com piano e em concertos de música de câmara.
Como maestro, dirigiu múltiplas orquestras a nível nacional e internacional, tendo colaborado com solistas como Camilla Nylund, Tara Erraught ou Lothar Odinius.
Em junho fará a sua estreia oficial à frente da Orquestra Filarmónica de Dresden, com o pianista espanhol Javier Perianes como solista.
Em 2009, gravou o álbum duplo “Página Esquecida” com a pianista Luísa Tender e, em 2016, gravou para o selo discográfico Naxos, acompanhado pela Orquestra Gulbenkian, ambos projetos inteiramente dedicados à música portuguesa.
Em 2018, Borralhinho gravou obras de Richard Strauss, Alexander von Zemlinsky e Gustav Mahler, com o pianista Christoph Berner, para a discográfica alemã ARS.
Bruno Borralhinho iniciou o seu percurso na Escola Profissional de Artes da Covilhã, EPABI.