As comemorações dos 35 anos da Universidade da Beira Interior, que ontem, dia 30, se assinalaram, ficam marcadas pela emoção, em especial nos momentos de homenagem, pelas palavras de reivindicação nos discursos da sessão solene e pela despedida do reitor António Fidalgo, que a 8 de junho cede o lugar a Mário Raposo.
Depois de uma manhã emotiva, com as homenagens ao antigo reitor Passos Morgado e a Melo Gonçalves, chefe de gabinete do reitor que faleceu no inicio do ano, a tarde ficou marcada pela sessão solene. Aí o discurso do reitor voltou a focar um dos temas que está sempre presente nas suas intervenções nos últimos anos, o subfinanciamento, que apelidou de “clamoroso”.
“Pelas contas do próprio ministério, a UBI, em média, é subfinanciada em 35%, o que significa que em relação a algumas instituições recebe menos 60% por cada aluno”, vincou António Fidalgo. Comparativamente aos custos que têm, por exemplo, numa universidades como Lisboa ou Porto, com aquecimento, refrigeração, deslocações, entre outros, o reitor afirma que “é uma injustiça, é uma iniquidade”, os alunos da UBI serem menos financiados”, destacou.
Ainda assim António Fidalgo afirma que não é por isso que “choramos. Reclamamos mas não choramos” afirmou, reiterando que “mesmo em tempo de pandemia a UBI cresceu” e ultrapassou a barreira dos 8 mil estudantes, para concluir sobre esta matéria que “há quem consiga fazer melhor, mas dificilmente com tão parcos recursos financeiros”.
Num discurso também com sabor a despedida, o reitor saudou o novo presidente do Conselho Geral da UBI, Hugo Carvalho bem como o reitor eleito Mário Raposo, vincando que sendo o primeiro ubiano a ser eleito reitor, “ninguém com ele conhece a UBI”.
António Fidalgo relembrou ainda as homenageados do dia. Primeiro Cândido Passos Morgado, o 1º Reitor da UBI que esteve à frente da instituição durante 17 anos e que a partir de agora tem um busto no claustro da Reitoria, inaugurado ontem de manhã. Alguém que “teve visão e teve força para a tornar realidade”, vincou.
Também durante a manhã foi atribuído o nome de Melo Gonçalves à sala das Doações da Biblioteca Central. Neste ponto António Fidalgo não escondeu a emoção. Destacou que Melo Gonçalves “viveu para a Universidade que ajudou a fundar” e marcou “decisivamente a vida da UBI”. “Queremos que o nome destas figuras fundadoras perdure na memória da UBI”, concluiu.
Ricardo Nora, presidente da Associação Academia da UBI, frisou na sua intervenção “alguns dos imperativos” dos estudantes, destacando que “não é concebível que, pelo segundo ano consecutivo, tenha sido retirada uma época de exames aos Estudantes”. Para Nora é também “imperativo” que se “criem as condições necessárias para que os estudantes possam voltar a praticar desporto, possam voltar a participar nas atividades dos seus Núcleos de Estudantes e Tunas Académicas e tenham espaço para se conhecer melhor a si e aos outros”.
A António Fidalgo Ricardo Nora agradeceu o “diálogo e cooperação”, frisando que o último ano, sendo difícil, “foi um ano onde muitas decisões”, e, “senão todas, foram as melhores possíveis em vez das melhores decisões”.
Hugo Carvalho, presidente do Conselho Geral da UBI, frisou na sua intervenção que os aniversários “são mais que celebrar o passar dos anos”, são o “renovar a missão” que deve sempre estar focada nos estudantes. “Um ensino superior para aprender e ensinar”, mas em que “o combate à abstenção, falta de participação cívica, afastamento da politica, abandono escolar, construção de uma visão do mundo e do país, o combate à discriminação, à pobreza e a qualquer forma de intolerância”, sejam “questões que exigem a nossa permanente dedicação”, frisou.
Na cerimónia foram ainda homenageados todos os trabalhadores da UBI que se reformaram em 2020, e até à data, bem como todos os que celebraram 20 anos aos serviço da instituição.
A Casa do Pessoal da UBI aproveitou também para prestar uma homenagem pública a António Fidalgo.