Investigadores apoiados pelo Município de Penamacor identificam grande complexo aurífero romano

Um projeto de investigação dirigido pelo pelo Consejo Superior de Investigaciones Científica (CSIC), apoiado pelo Município de Penamacor, identificou um grande complexo aurífero romano no centro de Portugal.

“A existência de antigas minas romanas de ouro no centro do país não era totalmente desconhecida”, mas, o estudo prova a existência de um “extenso conjunto de minas, que situa a Lusitânia como uma das principais zonas produtoras de ouro do Império Romano”, afirma a nota de imprensa.


De acordo com o documento, tratam-se “fundamentalmente de minas a céu aberto, que foram trabalhadas com a ajuda da água”.

As minas localizam-se maioritamriamente no vale do Tejo e nos seus afluentes, o Zêzere, o Erges, o Ponsul e o Ocreza. No rio Zêzere, “boa parte das minas situam-se abaixo das barragens e só podem ser reconhecidas nas fotografias aéreas tiradas pelo exército nos anos 1940”.

No marco do projeto realizaram-se também diferentes escavações arqueológicas, centradas no conjunto mineiro do Covão do Urso e Mina da Presa.

Através das escavações nos depósitos de água da rede hidráulica foi possível “demonstrar que as minas estiveram em funcionamento entre os séculos I-III d.C”, e perceber “as mudanças nos usos do solo derivados do início da mineração do ouro”, explica a nota de imprensa.

Dentro do complexo mineiro de Penamacor realizaram-se também escavações no acampamento romano situado junto à Mina da Presa, onde os dados obtidos demonstram “que o território lusitano já tinha sido conquistado por Roma há um longo tempo” e “a presença do exército não estaria relacionada com a conquista, mas com o controlo do território e a exploração dos recursos”.

Os investigadores preveem continuar as escavações no conjunto mineiro de Penamacor com colaboração da Câmara Municipal, sendo que os objetivos dos próximos trabalhos arqueológicos “centram-se no estudo do povoamento ligado às minas e está prevista a realização de várias sondagens”.

A partir de uma perspetiva geoarqueológica, procurar-se-á “entender a geologia dos depósitos auríferos e a tecnologia empregada para o seu aproveitamento” e está também planeado “continuar o estudo da presença dos exércitos de Roma na antiga Lusitânia e a sua relação com a mineração do ouro”, frisa ainda o documento.