Mário Raposo tomou, ontem, dia 8, posse como reitor da Universidade da Beira Interior (UBI). No seu discurso o professor catedrático do departamento de Gestão e Economia aproveitou a ocasião para “reivindicar um maior investimento nos orçamentos das universidades”.
Referindo-se particularmente ao caso da UBI, Mário Raposo frisa que “o orçamento atribuído deverá refletir a realidade daquilo que a universidade é hoje e o direito de os nossos estudantes receberem um valor de financiamento per capita idêntico ao de outras universidades portuguesas”, acrescentando que é necessária a “criação de uma fórmula de financiamento justa e equitativa”.
Mário Raposo acredita “ser um objetivo fundamental trabalhar para que a UBI venha a ser considerada uma universidade saudável”, o que implica “o compromisso de promover um ecossistema interno seguro, agradável, saudável, inclusivo, responsável e ambientalmente sustentável”.
“Tudo com a finalidade de proporcionar aos nossos recursos humanos e aos nossos estudantes uma experiência rica, feita de atividades curriculares e extracurriculares, conduzindo ao enriquecimento intelectual, cultural e à formação para a cidadania”, disse o novo reitor.
O professor catedrático do departamento de Gestão e Economia dedicou parte do seu discurso aos estudantes e salientou que é “importante garantir que não irão acontecer situações de exclusão ou de abandono dos estudos por causas económicas ou outras”.
Para Mário Raposo é, por isso, necessário definir “políticas inclusivas e de igualdade, a promoção de políticas de ajuda e bolsas de apoio, e também esquemas de fracionamento de pagamento de taxas e propinas diluídas no tempo”.
“Esperamos, deste modo, garantir a equidade no acesso ao ensino e à continuidade dos estudos, culminando no desejável sucesso escolar”, adiantou.
O novo reitor da UBI destacou ainda o facto de a instituição ter uma grande percentagem de alunos deslocados e vincou que deve ser proporcionado aos estudantes “não somente a melhor oferta educativa, mas também a melhor formação global a nível da cultura, das artes, do desporto, da saúde, do voluntariado e da responsabilidade social”.
A manutenção da aposta na internacionalização, foi também um dos tópicos abordados no discurso de tomada de posse, onde, Mário Raposos afirmou que “a UBI foi, é e será cada vez mais uma universidade do mundo e para o mundo”.
Reforçou que a instituição “deverá continuar a alargar os seus horizontes a novas áreas geográficas, permitindo uma renovação contínua das parcerias internacionais e contribuindo para a atração de novos segmentos de mercado para as nossas formações e para a divulgação da nossa região e do nosso país”.
O reitor cessante, António Fidalgo, na sua intervenção referiu que “universidade inicia um novo tempo e todos esperamos que sejam tempos de prosperidade e de mais estudo, melhor ensino, mais e melhor investigação e mais capacidade de inovação”.
Desejou as maiores “venturas e sucesso à frente da nossa querida universidade” a Mário Raposo e sublinhou que o reitor eleito conhece a instituição “como as palmas das suas mãos e é um UBIano de mão cheia”.
António Fidalgo agradeceu ainda a todos aqueles que fizeram parte dos seus dois últimos mandatos, relembrando também o seu percurso na UBI, onde teve “a oportunidade de lançar novos cursos, novos departamentos, um centro de investigação e uma nova faculdade”.
Em representação dos estudantes, o presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), Ricardo Nora, mostrou-se satisfeito por ter-lhe sido dado espaço para intervir numa cerimónia de tomada de posse “da figura máxima desta instituição”.
Ricardo Nora disse que este é um sinal de que “o diálogo estruturado e cogestão defendida pelos mais jovens não é uma ilusão do futuro, mas antes uma possibilidade do presente”.
Afirmou orgulhosamente que “os estudantes e a Associação Académica têm sido uma parte ativa e têm tido um papel preponderante na construção da identidade de sucesso que a universidade possui e perspetiva para o futuro”.
O presidente da AAUBI referiu ainda que “a voz dos estudantes continuará a fazer-se ouvir e continuará a contestar mais condições para alunos com necessidades educativas especiais, a reivindicar mais condições e intervenções urgentes nas nossas residências e instalações universitárias, e a defender a criação de um espaço digno dentro da academia”.
À margem da cerimónia, cerca de 20 alunos concentraram-se no exterior da Faculdade de Ciências da Saúde, para reivindicarem respostas em relação à redução das propinas para alunos internacionais, ou, o fim das propinas no geral, mas também melhores condições nas residências universitárias bem como nos edifícios da universidade.
Este grupo de estudantes já tinha tentado entregar um caderno com as reivindicações a António Fidalgo, mas não foram recebidos. O vice-reitor José Páscoa, do Departamento de Engenharia Eletromecânica, abordou os alunos e prometendo-lhes que iriam ser recebidos, recolheu o caderno.