CDU: “Autarquias não são empresas e cidadãos não são clientes”

Jorge Fael, candidato da CDU à Câmara Municipal da Covilhã, afirmou-se como a única alternativa ao poder instituído, vincando que a CDU “faz diferente” e não gere autarquias como se de empresas se tratassem. O candidato falava na Boidobra, durante um comício que contou com a presença do Secretário Geral do PCP, Jerónimo de Sousa.

“Para esses, gerir e servir bem a população é administrar as autarquias como se estas fossem empresas. Conhecemos na pele os resultados nefastos dessa política: privatização de bens e serviços públicos, como a água, o saneamento, os transportes, alienação do espaço público, clientelismo, nepotismo, aumento do endividamento, destruição de direitos sociais.
Não, as autarquias não são empresas e os cidadãos não são clientes!”, disse Fael.


O candidato alertou ainda para as promessas que se vão ouvir “até ao dia das eleições” . “Anuncia-se agora a resolução de problemas com décadas…cá estaremos para ver”, frisou.

Durante a sua intervenção, que antecedeu a do líder do partido, Jorge Fael afirmou que “a região precisa de autarquias e eleitos da CDU” para, entre outros, “exigir uma verdadeira política de desenvolvimento regional e lutar pela concretização da regionalização”, que considerou o “instrumento fundamental para o desenvolvimento e reduzir assimetrias, ao invés de um falso processo de descentralização cujo objetivo visa abrir mais áreas de negócio privado, como defendem PS, PSD, CDS e candidatos ditos independentes”.

Já antes Jorge Fael tinha apontado o “despovoamento” e a “desertificação económica” que atingem a região, como “consequências de décadas de políticas de direita a nível nacional e local”. “Menos 30 mil habitantes nas últimas duas décadas, realidade implacável que não poupa sequer as cidades – Covilhã, menos 7 549, C. Branco menos 3 919 e o Fundão menos 4 891 habitantes, e desertificação económica, traduzida em desindustrialização”, disse o candidato.

A defesa da regionalização foi também tema no discurso de Jerónimo de Sousa. Assumindo que a CDU é a força que “mais e melhor” defende o poder local, o líder do PCP afirmou “falta cumprir a regionalização”.

“Um Poder Local que tem ainda por cumprir no seu edifício constitucional a criação das Regiões Administrativas sucessivamente adiada pela mão de PS, PSD e CDS, negando ao País um instrumento capaz de contribuir para conferir legitimidade democrática para o desenvolvimento e a coesão territorial, para o aproveitamento de potencialidades e recursos locais, para a modernização e organização de uma Administração Pública ao serviço das populações”, afirmou.

Tal como Jorge Fael, Jerónimo Sousa também apontou o “declínio demográfico” como um dos principais problemas do Interior, afirmando que “aí estarão os censos deste ano a identificar qual o cenário real. A previsão essa, certamente, não trará boas novas”, antecipou. Neste campo aponta o dedo às “politicas avulsas” do governo PS “com ausência de visão global dos resultados e com elementos que tornam claro a ausência de uma política que inverta o rumo existente”.

“O Governo vai anunciando programas destinados ao apoio às empresas neste período mas o que os dados nos dizem é que são apenas 15,6% as candidaturas que provêm do Interior do território nacional. Quanto ao emprego e ao tão falado programa “Trabalhar no Interior” foram aprovados 129 projetos, contemplando apenas 200 pessoas em toda a faixa do Interior do nosso País. Assim não vamos lá!”, disse.

A luta pela abolição das portagens, por trabalho com direitos e melhores salários, “a criação de um regime de margens máximas nos combustíveis” de que já deu entrada uma iniciativa legislativa na Assembleia da Republica e ” travar o aumento da tarifa regulada da eletricidade”, também já com uma iniciativa legislativa entregue, foram outros dos pontos focados por Jerónimo Sousa.

Durante o seu discurso, na Boidobra, perante uma plateia de mais de uma centena de apoiantes, afirma que a CDU “é uma força indispensável e necessária para a defesa dos mais genuínos interesses das populações”.