Desafiadas pela Comissão de Proteção a Crianças e Jovens (CPCJ) da Covilhã, crianças, jovens e diversas instituições do concelho juntaram-se para, com a construção de um laço azul gigante, alertarem para a realidade preocupante que são os maus tratos na infância.
Na iniciativa estiveram alunos das escolas Quinta da Lajeosa, Quinta das Palmeiras, Campos Melo, Pêro da Covilhã, ATL da Beira Serra, alunos de Ciências do Desporto da UBI e ainda instituições como Beira Serra, Coolabora, algumas juntas de freguesia do concelho, PSP, GNR e todos os elementos da comissão alargada da CPCJ.
Com esta iniciativa, que encerra as atividades do mês de abril, mês da prevenção dos maus tratos na infância, pretende-se “alertar e prevenir”, disse Pina Simão, presidente da CPCJ.
“Se fizermos ver às crianças e jovens de hoje que é um mal da comunidade haver crianças mal tratadas, daqui por 20 anos não haverá estes problemas, porque eles serão pais, professores, vizinhos, o que quer que seja, e não vão admitir que haja maus tratos às crianças da altura”, sublinhou o responsável.
Vincando que este é um “tema sempre importante e transversal”, o responsável frisa que este deve estar sempre “em cima da mesa, porque estamos a falar de futuro” e da possível abolição “deste mal da comunidade” vincou.
No concelho da Covilhã o número de processos reportados à comissão “é significativo”, vinca Pina Simão, com uma nota de preocupação na voz, quando fala de 300 processos em 2021.
“No ano passado no concelho da Covilhã, só em sinalizações feitas à CPCJ, acompanhámos 300 processos. Se atendermos a que o número de crianças e jovens não ultrapassa os 5 mil no concelho, vemos que aqui há um problema com maus tratos, negligência e comportamentos desviantes. Não é só o mau trato físico, há outros, nomeadamente o emocional, sublinha”.
Destaca ainda que muitos desses processos, cerca de 40%, estão associados à violência doméstica, sublinhando que são as crianças que, na maioria dos casos, são as grandes vítimas destes casos.
Os números continuam a ser preocupantes e só deixarão de o ser quando chegarem a zero, mas o positivo é que a sociedade está “mais sensibilizada para a questão da proteção das crianças e da proteção dos direitos delas”, logo para denunciar, afirma o responsável pela CPCJ na Covilhã.
“As forças de segurança sinalizam, as escolas sinalizam bastante e há muitas pessoas comuns, como vizinhos e conhecidos que sinalizam mais tratos e situações de perigo e risco para as crianças”, destaca ainda Pinha Simão, que concorda que apesar de o ditado “entre marido e mulher ninguém mete a colher” existir, há cada vez mais gente que “arrisca e denúncia”.
Recordar que o laço azul foi adotado como símbolo do mês de prevenção dos maus tratos na infância, porque em 1989, uma mulher norte americana (Bonnie Finney) amarrou uma fita azul na antena do carro, em homenagem ao seu neto, vítima mortal de maus-tratos. Com esse gesto quis “fazer com que as pessoas se questionassem”. Escolheu o azul, porque simboliza a cor das lesões e seria uma imagem constante na sua luta na proteção das crianças contra os maus tratos.
A repercussão desta iniciativa foi de tal ordem que abril passou a ser o mês internacional da prevenção dos maus tratos na infância.
O lema escolhido para este ano de 2022 é “Serei o que me deres…que seja amor”.