A Assembleia Municipal da Covilhã reuniu esta manhã em Sessão Solene comemorativa dos 48 anos do 25 de Abril. Tal como reza o protocolo, usaram da palavra representantes de todos os partidos com assento no órgão.
Fernando Pinheiro, eleito pela coligação “A Covilhã tem Força”, dedicou grande parte do seu discurso à guerra na Ucrânia, com críticas ao invasor “que só pode ter no seu ADN o desprezo pela vida humana” e críticas à posição do PCP que nos deixa “a todos sem jeito”.
“Aqueles que sempre se apoderaram da paternidade do 25 de abril de 1974 têm hoje posições sobre a guerra da Ucrânia que nos deixam sem jeito”, sublinhou.
Fernando Pinheiro, usando as palavras da canção “a morte saiu à rua” lembrou o agente da PSP Fábio Guerra, morto em março, para o homenagear desta forma e enviar à família palavras de esperança.
Para Fernando Pinheiro, por tudo o que se passa no mundo, “este é o 25 de Abril que deve merecer uma maior reflexão e a mais exigente ponderação. Uma revolução cada vez mais única, num Portugal convictamente europeu, mas ramificado pelos quatro cantos do mundo”.
Por parte da CDU Marco Gabriel teceu elogios às conquistas de abril, relembrando que celebrar Abril “é lembrar a intervenção determinante do PCP na resistência contra a ditadura, na luta por um regime democrático, desempenhando na sociedade portuguesa um papel indispensável”.
“É indigna, atroz e desonesta a campanha em curso contra o PCP”, defendeu Marco Gabriel, afirmando “que não é de hoje”, mas que “tomou contornos mais agressivos nos últimos tempos”, disse. Recordou o 25 de Abril de 2020, o 1º de Maio, a Festa do Avante, como temas criticados, e agora, a tentativa de colagem do PCP à Rússia atual, o que acontece “em camadas menos informadas e mais oportunistas”. Recorda que o PCP “condena a recente intervenção militar da Rússia na Ucrânia”, vincando que o partido “nada tem a ver com o governo russo e o seu presidente”, frisando que “a opção de classe do PCP é oposta à que governa a Rússia capitalista”.
Sobre a situação do país, Marco Gabriel vinca que “para a maioria do povo português a vida está mais cara, mais difícil e mais injusta. Os dados divulgados pelo INE apontam para aumentos dos preços de 5,3%, os mais elevados desde 1974”, destacou.
Concluiu que “o partido da revolução de abril e das suas conquistas”, “deveria merecer mais respeito do que aquele que está a ser alvo”.
António Freitas usou da palavra em nome do grupo municipal do CDS. Um partido que “ao contrário do que muitos querem fazer crer, também fez parte da revolução”, alertou.
Fazendo um paralelismo com o passado, vinca que “nos últimos anos vivemos, não raras vezes, numa dita democracia onde o lápis azul se continua a usar”. Sem nunca divulgar nomes, denuncia que “no espaço público se dá margem para a censura, proibindo as pessoas de expressarem qualquer apoio ou conversar com a oposição”, utilizando “meios de comunicação para atacar o opositor ou divulgar a obra”, concluindo que se “está a fazer o maior ataque que a democracia já conheceu”.
Destaca ainda que “o povo de abril não quer totalitarismo nem regimes experimentais”, quer desenvolvimento, patriotismo e igualdade de oportunidades. Vinca que “não foi a democracia que enfraqueceu as empresas, o sistema se saúde, que tirou o poder de compra aos portugueses”, são acontecimentos da “responsabilidade dos governantes, e nós sabemos quem são”. Para António Freitas “apenas a democracia dará o verdadeiro sentido á revolução”, uma democracia que carece de políticos com coragem para inverter a atual situação, destacando que o CDS “está a fazer o seu papel”.
Lino Torgal foi o eleito do PSD que discursou nesta sessão solene. A guerra na Ucrânia foi o mote para afirmar que “não podemos ao mesmo tempo defender a liberdade e branquear a invasão e destruição de um país livre”. Uma liberdade que faz parte dos valores de abril pelos quais tem que se continuar a lutar.
“O sentimento de liberdade não pode ser só o cravo e a canção de Zeca que nos lembramos no 25 de abril, mas nos esquecemos durante o ano”. “Calar, hoje, é mais comodo do que falar”, disse, afirmando que “luta e continuará a lutar por estes valores”.
Luta “pelo idoso que não pode ter a liberdade para adoecer naquela manhã porque não houve médico na urgência, pelos 5.340 covilhanenses que não tiveram a liberdade de ficar, pelo universitário que aqui escolheu estudar, mas não tem projeto de vida para ficar”.
Descreve uma cidade deserta, os empregos que não há, os cafés de mesas vazias. Uma cidade em que partem os novos e ficam os velhos”. É por estes que luta, e “pelo amigo que se cala com medo de ser posto a andar do seu emprego”, disse.
O eleito do PS nesta sessão solene foi Afonso Gomes. Um filho da liberdade, nasceu muito depois de 1974, e que fez um discurso virado para a sua geração, chamando aos jovens a responsabilidade de continuar “esta obra inacabada”, e “contribuir para o desenvolvimento da sociedade de forma enérgica e progressista”.
Vinca que é necessário continuar a “investir na educação”, e a impulsionar o país através da “retenção de conhecimento e talento, dotar os jovens de uma postura irreverente e empreendedora ao invés de se acomodarem à estabilidade”, desafiou.
Para os jovens reivindica uma correta adaptação das formações profissionais às necessidades. “Equilibrar o nível de salários na esfera interna para que o emprego não esteja só no litoral e na externa para reter talentos no país”, para que o “sistema de ensino não seja “barriga de aluguer” a outros países que pagam melhor”, disse
Na sua intervenção Afonso Gomes defendeu a regionalização como “uma realidade necessária para uma maior aproximação do poder aos cidadãos”, sendo mais um fator para a promoção da coesão territorial. Alertou ainda para a necessidade de reformular “a lei eleitoral e a redistribuição dos deputados por regiões, fazendo com que o país esteja representado de forma mais equilibrada no parlamento”.
A guerra na Ucrânia e o crescimento do extremismo na europa também mereceu atenção de Afonso Gomes, que frisa que para inverter o crescimento dos discursos extremistas é preciso promover a transparência.
Enquanto jovem mostrou-se feliz por sentir que a sua geração está cada vez mais interessada e através da sua participação vai, também, combatendo a politiquice.
Depois das intervenções dos partidos políticos usou da palavra o presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Vítor Pereira (ver noticia AQUI) e João Casteleiro, presidente da Assembleia Municipal (ver noticia AQUI). A terminar Vítor Pereira pediu a palavra para homenagear Fernando Lucas, comandante dos Bombeiros Voluntários da Covilhã, que passa ao quadro de honra no dia 1 de maio.