João Casteleiro, presidente da Assembleia Municipal da Covilhã, enalteceu os valores de abril durante a sua intervenção na sessão solene do órgão a que preside. Democracia, liberdade, solidariedade, foram algumas das palavras que usou na sua intervenção. João Casteleiro alerta que o 25 de abril deixou um legado que os jovens que não o viveram têm que compreender e continuar a praticar.
No seu discurso começou por enaltecer a ausência de violência na revolução portuguesa, apelando a um estado permanente de “vigilância” a que nos devemos submeter. “A democracia constrói-se em cada dia que passa” e “atravessamos tempos difíceis”. “Tempos de guerras que já não acreditávamos ser possíveis. Notamos, por vezes sinais claros de tentativas de regressão, é preciso criar mecanismos de defesa e contribuir para que não haja regimes que oprimam povos indefesos ou mais fracos”, disse. Mais à frente abordou a questão concreta da guerra na Ucrânia. “Cenas dantescas que diariamente nos entram porta adentro como uma bofetada violenta”, “mas é preciso acreditar”. “É preciso combater a negatividade do impossível”, vincou.
João Casteleiro recordou os vocábulos cantados à época do 25 de abril “paz, pão, habitação, saúde, educação”, fazendo o paralelismo “com a semântica mais atual”, que engloba conceitos mais atuais como “publicidade, turismo, arte, urbanismo, media, redes socias e digitais, moda consumismo, alguns mais proveitosos e apelativos que outros, mas sinais claros de que o país foi acompanhando a mudança, graças à democracia e à liberdade de pensar, sem culturas impostas”, sublinhou.
“Uma liberdade que nos permite questionar”, sublinhou ainda o presidente da Assembleia Municipal da Covilhã, vincando “a multiplicidade” que se encontra na Assembleia. “É na Assembleia Municipal que estão as vozes plurais, eleitas pelo povo e é aqui que, de forma transparente, se debatem as necessidades e aspirações dos cidadãos, de todos, onde a luta pela igualdade de direitos é um imperativo”, disse.
O presidente da Assembleia Municipal sublinhou por diversas vezes que “hoje é dia de festa”, uma festa que intitulou “do povo”, frisando que se celebra o passado com os olhos no futuro.
Dedicou o final do seu discurso aos jovens que não o viveram. “É preciso incentivar os mais novos, envolvê-los e comprometê-los com a história e o legado do 25 de abril”. “Motivá-los para a participação cívica e fazê-los sentir que a democracia se constrói em cada dia e precisa de todos”. “Ensinar os nascidos após 25 de Abril a acreditar que a liberdade que construímos para eles é o maior bem da humanidade. É o tal bem para se guardar”, disse.
Para João Casteleiro, apesar de tudo, “o 25 de abril de 74 amadureceu, mas não esmoreceu”.