No concelho da Covilhã os incêndios consumiram 10,18% da área total do concelho, 5.887 hectares. Números avançados no final da reunião de Câmara, aos jornalistas, pelo presidente da autarquia
O levantamento e quantificação estão concluídos e entregues ao Governo, garante Vítor Pereira, que não quis tornar público esse valor, frisando, no entanto, que face ao levantamento feito espera que as medidas de apoio sejam “justas”.
“Esperamos um plano que seja justo, adequado e proporcionado aos reais prejuízos tidos pelas pessoas”, disse.
Destaca que nem todos os danos podem ser quantificados, mas os de natureza material estão inventariados e enviados ao Governo.
“Os danos foram reportados e foi-lhes atribuído um valor, mediante uma tabela, também os danos públicos foram reportados. Propusemos todos nós, autarcas, o que tínhamos a propor e agora aguardamos medidas de carater financeiro, económico, fiscal, da segurança social, e da saúde para apoiar todos os que ficaram afetados e precisam de apoio”, descreveu ainda o presidente.
Referindo que no concelho arderam 5.887 hectares, frisa que a floresta “é uma parte significativa”, acrescentando que “arderam duas casas de primeira habitação, várias edificações de alfaias agrícolas, vinhas, pomares, apiários, soitos, hortas”, descrevendo um cenário de grandes perdas.
Vítor Pereira explicou, ainda, que reúne na próxima segunda-feira, juntamente com outros autarcas da região, com a ministra da Coesão Territorial e no encontro “vai ser criado um grupo de trabalho que vai constituir o plano de revitalização”. Uma reunião para “afinar” as medidas em que o Governo está a trabalhar, avançou.
O autarca sustenta que “tem fundadas razões para acreditar que o Parque Natural da Serra da Estrela será devidamente ordenado, tratado e acompanhado por quem sabe”.
Também o líder da oposição na Covilhã abordou o tema no habitual encontro com os jornalistas, no final da reunião privada, e, olhando para a percentagem de área ardida em cada freguesia, Pedro Farromba, vereador eleito pela “Coligação Juntos Fazemos Melhor”, afirma que “é chocante”.
“Em Cortes do Meio ardeu 0,52%, em Orjais 38,67%, em Cantar Galo e Vila de Carvalho 26,62%, na freguesia de Teixoso e Sarzedo ardeu 20,53%, Vale Formoso e Aldeia do Souto 46,9% e em Verdelhos 78,2%”, especificou.
O líder da oposição afirma que a sua bancada está “preocupada” com o futuro e diz que “é preciso unir esforços para que as pessoas possam continuar a viver” neste território.
“A imagem que foi passada da região é dramática e temos que unir esforços para que os que dependem da floresta, da agricultura e da pastorícia o possam continuar a fazer, para os que vivem do turismo continuem e esta é uma importante fonte de receita no concelho”, disse o vereador, chamando a atenção para as chuvas que estão previstas para segunda-feira e que podem trazer algumas “situações dramáticas, que farão perceber a urgência de as resolver”.
Sobre as medidas de apoio, Pedro Farromba frisa que é necessário que “não haja burocracias nem formalismos” e que as medidas devem ter “uma clara diferenciação positiva do Governo para a região”. “Não podemos continuar a ficar de braços cruzados a aceitar aquilo que o Governo nos dá”, destacando que com a declaração do estado de calamidade, “há mecanismos para que a recuperação seja mais rápida, nomeadamente na majoração de fundos e para que se possa criar empregos e fixar pessoas”, disse.
Pedro Farromba faz votos que o plano de intervenção desenhado seja “mais rápido, mais célere e mais eficaz” que os que foram apresentados para Pedrogão Grande e para o Pinhal de Leiria.