152 anos Covilhã: Sessão da Assembleia Municipal exultou espírito covilhanense com críticas à gestão PS

A Assembleia Municipal da Covilhã reuniu hoje em sessão solene, no salão nobre dos paços do concelho, para assinalar os 152 anos da elevação a cidade. 

A exaltação do passado valoroso da Covilhã foi comum a todas as bancadas. O olhar que cada uma tem sobre o presente, e as perspetivas de futuro, é que foram divergentes. 


Ana Branco eleita da coligação “Covilhã tem força”, afirmando que “não é dia de lançar farpas sobre o que não se fez e se podia ter feito”, afirmou que “é dia de enaltecer a cidade, as freguesias e as suas gentes”, mas, ainda assim, relembrou “a barragem que não se construiu, o aeródromo que não se tem e elevadores que não funcionam”.  

Em nome do movimento cívico que representa, enumerou um conjunto de incentivos a implementar, que considera essenciais, para que a população se mantenha, afirmando que esta deve ser a prioridade.  

Citando Churchill, que dizia que “é inútil dizer que estamos a fazer o possível, precisamos de fazer o que é necessário”, vinca que é importante intervir nos transportes “para os alunos até ao 12º ano ou para os residentes que estudem na UBI, no reforço da assistência médica nas freguesias, na melhoria das redes viárias, na redução do preço da água, e no incentivo à natalidade e incentivos às empresas para aqui se fixarem, disse. 

Pedro Manquinho, do grupo municipal do PCP, começou por afirmar que mesmo em dia de festa “as preocupações existem quando se vive numa região com a média salarial das mais baixas do país e com inúmeros reformados com reformas abaixo do limiar da pobreza”. 

Falou das “preocupações acrescidas e que se avolumam cada dia que passa e não encontram respostas”, no que considerou “uma política de direita, agora conduzida pelo PS”. Um cenário que se repete a nível local. 

Criticando as políticas do Governo, afirma que “neste aniversário da cidade, não se vislumbra qualquer prenda boa para o nosso futuro coletivo”. 

“Com um Governo preocupado em dar respostas aos problemas das empresas, à redução do défice, que transfere despesas centrais para as autarquias em vários domínios, não vamos criar infraestruturas de que a cidade e o concelho carecem” afirmou, falando de nova barragem, aeródromo ou uma via circular à cidade. Elencou ainda a construção de uma piscina olímpica e pavilhão desportivo. 

Por parte do CDS usou da palavra Adolfo Mesquita Nunes. O centrista, que fez uma intervenção de improviso, deixou a ideia de que a Covilhã está na bifurcação entre seguir em frente e apanhar o comboio do futuro, ou cair na inevitabilidade do “já não há nada a fazer”. 

Defende que é preciso uma “estratégia clara” para combater a sangria populacional, que vai nos 10% nos últimos 10 anos. Afirma que a ideia de “resignação que não há nada a fazer” é o maior “aliado político da situação”. 

Considera que a “mera hipótese de se encerrar urgências obstétricas e maternidades na região, com a dimensão territorial que tem o distrito, é a confirmação de que estamos a chegar a um ponto de não retorno. Nesse dia não há volta a dar”. 

Adolfo Mesquita Nunes defende que a única forma de combater “esta espada em cima da nossa cabeça é com gente”, concluído que é preciso “estratégia séria de criação de emprego e captação de investimento”, “é preciso um sobressalto cívico para mudar. É preciso uma alternativa política”, concluiu. 

Por parte do grupo municipal do PSD usou da palavra Jorge Vaz que também teceu duras críticas à gestão socialista da autarquia. 

Alertando para os tempos difíceis que se vivem, relembrou as medidas de apoio às famílias que a sua bancada já propôs e a criação de um dossier do investidor. 

Durante a sua intervenção, abordou ainda intervenções que o PSD considera prioritárias, como a criação de um terminal ferroviário no Tortosendo. Enumerou os investimentos anunciados para as freguesias, como casa mortuária no Dominguizo, intervenção na sede Junta de freguesia da Boidobra, na estrada 511 entre Sobral São Miguel e Ourondo, na avenida Montes Hermínios no Tortosendo, a ligação à escola S. Domingos. Falou ainda de um pavilhão desportivo “que incomodava o PS e que passados 9 anos de governação” ainda não existe. A falta de médicos nas freguesias também não foi esquecida. 

“Porque o que interessa são as pessoas, o PSD não pode deixar de mencionar que em pleno seculo XXI existem munícipes nas aldeias deste concelho sem médico de família, e têm de ser as Juntas de Freguesia a assumir os custos das deslocações inerentes à ida de um médico, como única forma de garantir assistência”, disse Jorge Vaz, afirmando que “quando isto acontece não se consegue inverter a tendência de desertificação”. “Não nos podemos conformar, temos que ser capazes de nos juntar e fazer melhor”, afirmou. 

Pedro Bernardo, que usou da palavra em nome do PS mostrou uma cidade diferente. “A Covilhã cresceu e continuará a crescer, evoluiu e continuará a evoluir para uma cidade moderna, ambiciosa e referência maior nas mais diversas áreas”, começou por evidenciar. 

Fazendo um paralelismo com a importância que foi reconhecida à Covilhã há 152 anos quando elevada a cidade, Pedro Bernardo frisa que, ao dia de hoje, a Covilhã também “não foge à sua responsabilidade na defesa e desenvolvimento de todo o Interior”, realçou. 

“Vivemos tempos em que a coesão e união do território é essencial para vencer os múltiplos desafios e conhecidos por todos. A Covilhã não pode cair, por isso, na tentação de ter um discurso de sobrevivência pela morte de quem está ao nosso lado, nem muito menos ser menorizada pelos sucessos que os seus pares alcançam. As derrotas do Interior serão derrotas da Covilhã, da mesma forma que as conquistas da Covilhã, serão, certamente, conquistas do Interior”, disse. 

O eleito realçou as expectativas que existem de se ver continuar a requalificação do parque escolar e de mais quilómetros de estradas, bem como de continuar a ser localizadas mais empresas, afirmando que são expectativas que existem “porque é reconhecida a capacidade do atual executivo camarário de concretizar sonhos adiados durante anos”, disse.  

João Casteleiro, presidente da Assembleia Municipal apelou à união de todos, para enfrentar as dificuldades deixadas pela pandemia e as criadas pela Guerra, 

“Acredito no nosso sentido cívico que deve ser conducente a uma ação comum em prol do bom estar das populações. Acredito na nossa responsabilidade individual e na responsabilização de todos nós no exercício da cidadania plena. Mais do que nunca necessitamos uns dos outros”, afirmou no discurso que encerrou a sessão. 

Destaca que “a evolução dos tempos exige consensos e união”, frisando que “acredita e tem esperança na humanidade, porque esta faz com que tenha a certeza de que é possível esbater egoísmos que conduzem a regimes que oprimem, a regimes totalitários que humilham e exploram os mais desprotegidos”, disse. 

João Casteleiro apelou à exortação do espírito de ser covilhanense, que criou “uma cidade única no centro do país”. “Os homens da lã criaram uma terra, um território, uma cultura, uma paisagem, uma cidade de fios e panos, hoje uma cidade universitária, onde a valorização do património e da memória coletiva são um museu vivo, um exemplo de bom gosto e imaginação”, referiu.