Assembleia Geral SCC: “Contas saudáveis” e mudanças em breve na equipa sénior

As contas do Sporting Clube da Covilhã, da última época, foram aprovadas pela maioria dos associados presentes na assembleia geral realizada ontem à noite.

Uma reunião participada, com cerca de uma centena de associados, em que, para além das contas, o estado do futebol sénior também foi tema em debate, com José Mendes, presidente da direção do clube, a garantir que “vai mudar” elementos do plantel em breve, e mais substancialmente em janeiro, com a abertura do mercado.


No que diz respeito às contas, e segundo o relatório de gestão e os mapas financeiros apresentados, e elogiados pela clareza, o clube teve um resultado líquido positivo de 220 836 euros, fruto de 420 860 euros de receitas e 200 023 de gastos.

O passivo “tem vindo a diminuir época após época” e situa-se nos 242 153 euros, tendo diminuído em 20 423 em relação à época anterior, sendo que deste, 218 809 euros é passivo não corrente.

Sérgio Passarinha, técnico oficial de contas que fez a apresentação dos números, frisou que o total do capital próprio do Sporting da Covilhã (3.416.370,00 euros) é do clube e representa 93%, sendo os restantes 7% a dívida.

Uma relação que se alterou no tempo, uma vez que “a autonomia financeira tem vendo a evoluir de forma positiva”, principalmente desde 2011/2012. As contas foram aprovadas com quatro abstenções.

Foi ainda proposto, pelo associado Francisco Moreira, um voto de louvor à direção “pelo esforço continuado” nesta matéria, vincando que “longe vão os tempos em que a credibilidade do Sporting da Covilhã era questionada e posta em causa, hoje o trabalho árduo que a direção tem vindo a fazer na vertente financeira e económica merece um registo de público louvor”. Foi aprovado com 1 voto contra e 6 abstenções.

A assembleia deliberou ainda que o resultado líquido do exercício transita para o ano seguinte, reforçando os capitais próprios do clube.

Opções financeiras que foram questionadas por um dos associados presentes, que, já no ponto para discussão de outros assuntos, mostrou repúdio pela opção da direção em fazer obras no estádio Santos Pinto quando o clube, no seu entender, não tem sede.

A análise ao trabalho da equipa sénior e à série de maus resultados que se têm vindo a verificar, que têm gerado contestação em especial nas redes sociais, aconteceu no último ponto da ordem de trabalhos.

Com intervenções, na sua maioria, a mostrarem “esperança” que, em breve, “os resultados desportivos acompanhem o bom desempenho financeiro”, mas também com sócios a demonstrarem descontentamento.

Para responder, José Mendes, presidente dos leões da serra, fez o resumo dos 18 anos em que está à frente do clube, mostrando o panorama “negro” que encontrou em 2004. Um clube em comissão administrativa, com uma ordem de despejo na sede, com “dívidas, dívidas e dívidas, sem conseguir crédito nem para uma garrafa de gás”, descreveu, frisando que em termos desportivos a equipa estava no terceiro escalão do futebol nacional, à época, a 2ª Divisão B.

Um cenário diferente do atual, fez questão de salientar José Mendes, descrevendo as obras no Estádio Santos Pinto, a aquisição de autocarro para o “trabalho da equipa sénior”, e carrinhas para a formação. Relembrou ainda os 573 mil euros de leasing para a construção do silo auto, que já pagou e o que está ainda para pagar.

Sobre os resultados desportivos, destaca que é o primeiro a “sofrer” com os maus resultados, destacando “que a situação não é inédita” e a contestação que existe “faz parecer que faltam 4 jornadas para o fim” quando faltam 24. Pede “apoio e cítrica construtiva”, apelando à união.

“Esta situação não é inédita, muitas dificuldades já passamos ao longo dos anos, isto não é como começa, mas sim como acaba. Até parece que faltam 4 jornadas para acabar o campeonato, mas não, faltam 24, 72 pontos. Uma vitória ou duas para sair deste lugar. Não percebo o bota-abaixo que se fala. Nesta situação os sócios têm o dever de apoiar e criticar construtivamente, não é o bota-abaixo que ajuda. Sem estarmos juntos torna-se mais difícil. Nesta altura dizer mal é fácil, mas não venha ninguém por mal deitar abaixo, que eu não vou deixar. Não vai haver assaltos ao clube”, garantiu.

José Mendes destaca ainda que o Sporting da Covilhã é dos poucos clubes no futebol profissional que não tem investidores, é uma Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ), com capital totalmente do clube, o que faz a diferença na hora de formar o plantel.

“Vejo clubes da II Liga fortemente apoiados por investidores, com milhões, e que têm capacidade para formar grandes planteis, nós não o fazemos porque não temos dinheiro”, justifica.

Reconhece que a situação desportiva “é difícil”, mas “não estamos para morrer amanhã”, disse.

“Estamos atentos e a trabalhar, não vimos é para os jornais dizer. Os problemas têm que ser tratados dentro, não fora do clube”, refere, garantido que está a ser feito tudo para manter a equipa na II Liga.

Em relação à equipa garante que “vão sair e entrar jogadores” avançando que, hoje mesmo, começa um novo jogador a trabalhar com o plantel.

“São 18 anos de sofrimento e ninguém me dá lições de poupar. A equipa de futebol faz-se dentro do que é possível”, afirma Mendes, garantindo que é este o lema.

Para já frisa que vai contratar jogadores até dezembro, que estejam em condições de ser inscritos, e com a abertura do mercado em janeiro haverá novas alterações.

“Em relação à equipa, vamos mudar e não vai ser tão pouco como isso. Uns jogadores porque não são o que julgávamos que eram, outros porque não se adaptam. Se os resultados não aparecerem, eu não vou deixar andar, andar até não poder fazer mais. Até dezembro vamos buscar três ou quatro jogadores e em janeiro podemos mudar mais cinco ou seis e, se tivermos que mudar mudamos, a ideia é esta”, garantiu José Mendes aos associados.

A fechar os trabalhos desta reunião magna dos associados do Sporting da Covilhã, o presidente da assembleia geral, Jorge Gomes, relembrou que é nestas reuniões “que se deve criticar e questionar”. Pediu que as assembleias continuem “em crescendo, com cada vez mais associados”.