UBI tem 1,4 ME de financiamento extra, revela reitor na abertura do ano académico

Para fazer face ao subfinanciamento que tem vindo a ser denunciado nos últimos anos pela Universidade da Beira Interior, o Estado vai atribuir à instituição 1,4 milhões de euros, anunciou o reitor, Mário Raposo, durante a sessão solene de abertura do ano académico que ontem decorreu.

“Não é o ideal, mas, pelo menos, é o reconhecimento de que tínhamos razão nos nossos argumentos, esperando por isso que a correção continue para o futuro”, disse Mário Raposo.


Durante a sua intervenção, o reitor explicou que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior reconheceu, “finalmente, que o orçamento histórico das Instituições não se encontrava minimamente adaptado à realidade atual”, e que, com o novo cenário construído, “que tem em conta o número de alunos e os fatores de custo dos cursos”, a UBI estará a ter um subfinanciamento na ordem dos 9 milhões de euros.

Para fazer face a esta situação o Governo decidiu transferir para as universidades subfinanciadas o equivalente a 1% do atual Orçamento do Ensino Superior, e à UBI cabe a verba de 1,4 milhões de euros, frisou o reitor.

Um aumento de financiamento que “será consumido quase na totalidade” com a fatura energética, destacou, frisando que esta “triplicou nos últimos meses”. Um aumento do custo que obrigará a “ações de redução de consumos e a desenvolver estratégias para maior eficiência energética”, disse.

Abordando ainda o aumento do custo de vida, frisa que o preço das refeições nas cantinas da UBI não sofreu aumentos, mas admite que terá de se fazer “algum pequeno ajustamento no futuro”.

Considerando o atual contexto socioeconómico o reitor também afirmou que a UBI vai promover “ações inclusivas e de igualdade”, ponderando o fracionamento no pagamento de propinas e o aumento das iniciativas de ajuda, como bolsas de apoio.

O reitor afirma, também, que pretende continuar “a estratégia, progressiva e gradual de contratação e renovação do corpo docente em áreas científicas mais necessitadas, através de concursos internacionais”, continuar as obras já iniciadas, ou a iniciar, nas residências universitárias e a contratação de novos funcionários de suporte e apoio.

Mário Raposo, recordou que 90% dos alunos colocados este ano letivo escolheu a UBI em primeiro lugar, e que a instituição irá, este ano, ter o maior número de alunos de sempre, assumindo-se como uma instituição “fundamental e indispensável na cidade e na região”, disse.

“É uma realidade que a UBI é hoje uma instituição fundamental e indispensável na nossa cidade e na região. Por isso, é nossa obrigação trabalhar para consolidar os créditos e o prestígio que a UBI já alcançou. Temos de conseguir uma universidade que seja o resultado do trabalho apaixonado do coletivo, mantendo a UBI como instituição atrativa e de referência” destacou

Um discurso em que Mário Raposo deu as boas vindas a todos os alunos da academia, deixando um recado em especial aos que usam a cantina de Santo António, que encerrou para obras que aguardam financiamento, pediu “um pouco mais de paciência, para poderem desfrutar de um espaço condigno”, disse.

Este foi um tema também abordado por Ricardo Nora, presidente da Associação Académica da UBI, que revelou que está a decorrer um abaixo assinado, para que a situação seja resolvida, que já conta com mais de 300 assinaturas de estudantes, pessoal docente e não docente.

Numa intervenção que considerou “especial”, por ser a última em que participa nesta qualidade – vai assumir o cargo de presidente da FADU para o qual foi recentemente eleito – Ricardo Nora deixou recomendações para o futuro, principalmente “para a resolução de problemas sistemáticos da universidade, como os atrasos nas entregas de notas, o não cumprimento de critérios de avaliação, o desrespeito pelos estatutos especiais de estudantes, os como atletas e os dirigentes associativos, por exemplo.

Abordou ainda a relação qualidade/preço nos bares concessionados da universidade que, afirma, “não é aceitável”.

Em representação do Conselho Geral da UBI usou da palavra o vice-presidente, João Casteleiro, antigo aluno da UBI. Dirigindo-se aos caloiros, garantiu que sabe que, “o momento e o sentimento são únicos”, e que “a jornada será incrível, o caminho será árduo, mas no final, o cumprimento e alcance de objetivos culminará num sentimento de satisfação e superação”.

Deixou ainda um recado aos responsáveis políticos locais e nacionais. Destacando que o sucesso da UBI está indissociável do contexto em que esta está inserida, defende que “é essencial que os órgãos de governo locais e nacionais, pensem e preparem a cidade para uma realidade atual e moderna de conetividade e acessibilidade”.

“Em pleno ano de 2022 uma universidade e uma cidade do interior de Portugal”, “tem de estar no pelotão da frente na definição e implementação da estratégia de aproximação aos principais polos urbanos nacionais, europeus e mundiais”, considerando “fulcral que as entidades responsáveis reflitam, pensem e desenvolvam o ideal de uma universidade e de uma cidade pioneiras em novas formas de ligação a alta velocidade, suportadas em tecnologia 5G”, defendeu. Um projeto “capaz de nos catapultar num mundo cada vez mais global, rápido e competitivo”, disse.

Esta cerimónia solene de abertura do ano académico ficou ainda marcada pela homenagem a Duarte Simões, um dos impulsionadores da criação do ensino superior na Beira Interior.