Direção da Cerzir Afetos não se recandidata a novo mandato

A direção da Cerzir Afetos, IPSS da Boidobra, não se recandidata a um segundo mandato, anunciou ontem Paulo Jerónimo, presidente da direção, durante a assembleia geral da organização. As eleições, estatutariamente, têm que ocorrer durante o mês de dezembro.

Segundo explicou o dirigente aos associados, estes primeiros 4 anos de associação foram “muito difíceis, em que se cumpriu mais do que estava à espera”, uma vez que conseguiram “por de pé uma IPSS, o que não é fácil”, no entanto, a falta de apoios institucionais para contornar o chumbo da candidatura ao Programa PARES, levou a um “desencanto”, que se tornou notório durante a sua intervenção na assembleia geral.


Recorde-se que o propósito da Cerzir Afetos é o apoio social, quer em centro de dia quer em domicílio, mas só o poderão fazer com uma estrutura física. A Associação tem o terreno para o efeito, doado pela Câmara da Covilhã, e o projeto para a obra, que foi elaborado de forma gratuita por um associado. Apresentou em dezembro de 2020 uma candidatura ao programa PARES para financiamento de 70% da obra, orçada em cerca de 430 mil euros, mas esta foi chumbada.

Depois deste indeferimento surgiu a abertura de candidaturas no âmbito do PRR mas era necessário ter a licença de construção na mão, isto é, ter o projeto de especialidades aprovado, o que no caso significava um projeto de cerca de 22 mil euros, para o qual não conseguiram apoio.

Aos jornalistas Paulo Jerónimo afirma que “as instituições sabem o que fizeram”, dizendo que não quer apontar culpas, mas, reconhece que “há esse desencanto”. Recorda que são uma instituição jovem, em que tudo “estava a correr muito bem até ao ‘volte face’ na questão do projeto, e, por arrastamento todas as outras instituições que, no meu ponto de vista, tinham a obrigação de apoiar, não o fizeram”. Explica que “o apoio social é uma obrigação do Estado e das autarquias e nós, dirigentes das IPSS, apenas damos a cara perante a nossa comunidade e fazemos a ponte”.

Afirma que “quando pedimos apoio não é para nós, é para a nossa comunidade e quando este apoio foi negado, não foi negado a nós, foi negado à comunidade da Boidobra”, disse.

Paulo Jerónimo explica que a decisão da direção de não avançar “foi ponderada”, frisando que cumpriram o mandato para o qual foram eleitos, e tal “como tivemos a vontade de entrar, também temos a vontade de não continuar”, concluiu.

Afirma que o projeto Cerzir Afetos não está em risco e mostra-se convicto que irão surgir listas candidatas ao ato eleitoral que deve ocorrer em dezembro.

“O projeto Cerzir Afetos é crível, tem alicerces e tem sustentabilidade. Os 122 associados têm agora uma palavra a dizer, as eleições são um processo normal em todas as instituições”, disse.

Na assembleia geral os sócios presentes aprovaram por unanimidade o plano e orçamento para o próximo ano que espelha “alguma contingência”, uma vez que não se recandidatando, “não querem estar a condicionar uma futura direção”, disse o presidente da direção.