Os grupos municipais do PSD e do PS, na Assembleia Municipal da Covilhã, criticaram o Plano Ferroviário Nacional afirmando que não serve os interesses da região e do país.
As intervenções tiveram lugar no período antes da ordem do dia. Luís Rodrigues (PSD) e João Flores Casteleiro (PS), que já na assembleia de setembro tinha levantado o tema, criticaram as opções ferroviárias do Governo e descritas no plano, que está em consulta pública.
Luís Rodrigues afirma que a “Covilhã não beneficia em nada” com a sua concretização, frisando que não está prevista a ligação por intercidades para o Porto, a não ser com possível transbordo na Guarda e que a ligação da Beira Baixa a Lisboa também não vai melhorar.
“Para o transporte de passageiros, o serviço de Intercidades será o melhor que este plano oferece entre a Covilhã e Lisboa, já que para o Porto não haverá Intercidades que passe pela Covilhã, a não ser talvez, na melhor das hipóteses com transbordo na Guarda, mas nem isso está garantido”, disse o eleito.
Já sobre as ligações a Lisboa cita o plano para frisar que só “após a construção do novo eixo Aveiro – Vilar Formoso, deverá planear-se um conjunto de intervenções que permita reduzir o tempo de viagem entre Lisboa e a Covilhã. De facto, esta ligação não beneficia, no acesso a Lisboa, com a construção de nenhuma das novas linhas previstas neste Plano.”
Sobre o eixo da Cova da Beira as críticas continuam, uma vez que, o plano considera que a ligação entre as cidades da Guarda, Covilhã, Fundão e Castelo Branco não tem “densidade suficiente para justificar serviços ferroviários de elevada frequência”.
Luís Rodrigues questiona se uma linha que serve estas cidades, com instituições de ensino superior e escolas profissionais, além de fábricas e serviços “não tem passageiros para um metro de superfície”, deixando a questão em jeito de “desafio” a Vítor Pereira, afirmando que “está na hora de haver um passe urbano das Beiras, ou Beira Interior, que contemple o comboio e transportes urbanos adequados nestas cidades, entre as estações ferroviárias e os diversos serviços”, disse.
O eleito reclamou ainda “vontade política” para exigir o terminal ferroviário para o Tortosendo.
João Flores Casteleiro (PS), como já tinha feito em setembro, destacou que só um plano “abrangente do território nacional e que sirva de arma no combate às assimetrias territoriais seria verdadeiramente útil ao país”.
Sob pena de se ter no futuro cada vez mais um país “à beira-mar plantado” em que tudo o “resto seja vazio”, defende que “o mérito de uma acessibilidade para o interior nunca pode ser apenas medido em termos de rentabilidade financeira, numa análise totalmente numérica e baseada em lucros. Numa crise demográfica como aquela com que o nosso território se debate, a lógica não pode ser as ‘Pessoas puxarem pelos Grandes Investimentos’, mas sim o inverso: ‘Os Grandes Investimentos puxarem pelas Pessoas’. E não é isso que vemos no plano apresentado”, criticou.
No que respeita à alta velocidade, aponta que, uma vez mais, o interior do país e esta região é esquecida.
Vinca que “estão identificados 10 Centros Urbanos Regionais no interior do país que servem como polos de desenvolvimento de mais de metade de Portugal. Não nos parece então aceitável que, por exemplo, em termos de Linhas de Alta Velocidade, apenas três destes Centros Urbanos, no máximo, venham a ser abrangidos pela rede. Os 5 Centros Urbanos Regionais da Beira Baixa e Trás-os-Montes são totalmente excluídos destas ligações e, como áreas fronteiriças que são, seria previsível o impacto positivo em termos de desenvolvimento económico que estas linhas poderiam acarretar”, disse.
O eleito do PS frisa que mesmo em termos de linhas convencionais o plano “fica muito aquém do que as populações do interior, e nomeadamente da nossa região, esperariam”, vincando que apesar dos contributos da Câmara e Assembleia Municipal da Covilhã, o plano se limita a reconhecer que, sem obras, a linha da Beira Baixa “nunca será competitiva em relação ao automóvel”, concluindo que, “tal como está”, o plano “não serve de todo os interesses da nossa população e do país”.
Ressalva que “uma vez que o documento se encontra em discussão pública”, se vai “continuar a contribuir para o seu aperfeiçoamento, na salvaguarda dos interesses das nossas gentes e na esperança que o Governo mostre realmente abertura para a sua modificação”.