Unhais da Serra: Assembleia de Freguesia chumba orçamento para 2023

A proposta de orçamento de 2023 do executivo de Unhais da Serra foi chumbada na assembleia de freguesia de dia 16, avança o comunicado conjunto dos eleitos do Partido Socialista naquele órgão e o executivo da junta de freguesia.

Os documentos tiveram 4 votos a favor (do PS), 4 contra (da CDU e da coligação “Juntos Fazemos Melhor”) e uma abstenção (da coligação Covilhã tem Força), sendo chumbados com voto de qualidade do presidente da Assembleia, eleito pela CDU.


No comunicado é manifestada a “estranheza”, face com o chumbo, uma vez que se “realizaram reuniões com as forças políticas representadas na Assembleia, durante o mês de novembro, para preparação deste documento”, vincando que “não foi realizada qualquer reunião com o representante da coligação “Covilhã, Juntos Fazemos Melhor”, Paulo Januário, apesar de várias tentativas nesse sentido, por indisponibilidade demonstrada pelo mesmo. Foi apenas enviado um email ao executivo com as suas prioridades, que tal como as das restantes forças políticas, foram, na sua totalidade, tidas em conta na preparação do orçamento e inseridas no mesmo. Por este motivo, não se conseguem compreender as razões e/ou as motivações para que o orçamento não tenha sido aprovado”, pode ler-se no comunicado.

O executivo “lamenta” “que não tenham existido declarações de voto no final da votação que pudessem justificar o chumbo do mesmo, nem tenham sido apresentadas ideias, projetos ou iniciativas por forma a enriquecer o documento do orçamento para o próximo ano. Assim, fica o Executivo desta Freguesia sem saber como deve procurar pontos de entendimento para que se possa aprovar um novo orçamento”, frisa ainda o documento.

No comunicado é ainda explicado que a reprovação das opções de plano e proposta de orçamento para 2023, “limita e condiciona em muito as atividades e investimentos previstos para o próximo ano, já em preparação à data atual, destacando “a impossibilidade de lançar o Orçamento Participativo, que permitiria a escolha de um projeto até 6 mil euros; a candidatura à Linha Regenerar e Valorizar Territórios – Incêndios 2022, do Turismo de Portugal, com um valor de projeto de 400 mil euros, financiado por fundos comunitários a 90% e cuja candidatura já estava em execução, uma vez que o prazo limite de entrega é 31 de janeiro de 2023.

“O Executivo da Freguesia de Unhais da Serra lamenta uma vez mais o chumbo das opções de plano e orçamento para 2023, reiterando que irá continuar a trabalhar e a desenvolver a sua atividade com base no orçamento aprovado para o ano de 2022, com as limitações e impedimentos ao desenvolvimento da Freguesia que essa situação implica”.

Acusações que o eleito da coligação “Juntos Fazemos Melhor” e a CDU não aceitam.

Paulo Januário (Juntos Fazemos Melhor) explica que não pode participar nas reuniões preparatórias do orçamento por motivos de saúde, mas que “não vê espelhadas” nos documentos nenhuma das suas prioridades.

Em declarações à Rádio Clube da Covilhã explica que antes da votação leu um documento onde demonstra “o descontentamento com o que se tem estado a passar com a gestão da junta”, vincando que “como parece não terem competência para liderar a freguesia sozinhos, vai sendo altura de se sentar à mesa e planear o futuro da vila de uma forma diferente”, disse.

Frisa ainda que foi criticado em 2021 por ter permitido que a junta tomasse posse e permitido que o orçamento passasse, o que fez porque entendeu que a junta “tinha todas as condições para rever o que tinha falhado nos anos anteriores e que com oposição iriam fazer diferente”, recordando ainda que “em contrapartida lhe foi prometida a obra de construção de sanitários públicos para pessoas com mobilidade reduzida. Nada foi feito, concluindo que “não tinha condições para continuar a apoiar a junta quando não fizeram num ano nada do que comprometeram comigo”, acrescentando que “em 5 anos apenas concluíram o mercado, e era uma obra que não era deste executivo”.

O eleito frisa que este chumbo “é um aviso, um abanão, uma chamada de atenção”, com o objetivo de que se prepare o futuro em conjunto.

Recorda que nenhuma das suas propostas foi aceite. “Têm que perceber que não podem continuar a trabalhar como têm feito, eles não nos podem informar o que vão fazer, têm que reunir e conversar”, vinca Paulo Januário, que elenca, a título de exemplo, uma proposta de acesso ao salão nobre da junta para pessoas com mobilidade reduzida que acabou com a resposta “como é bombeiro pode levar as pessoas às costas”, citou.

António Quintela, presidente da assembleia de freguesia, eleito pela CDU, frisa que a sua bancada votou contra “porque é um documento de promessas e nada é feito. Basta ver o orçamento de 2022 e o de 2023, as promessas são as mesmas, e nada é feito”, disse em declarações à Rádio Clube da Covilhã.

António Quintela frisa que “no dia em que a junta quiser cumprir o que promete pode contar connosco, acima da CDU está Unhais da Serra, mas em 5 anos de presidência, não há um único projeto feito que seja desta junta”, disse.

António Quintela frisa que algumas das prioridades da CDU, como o loteamento das Moutas estão no documento, “mas não passam de promessas, ele [presidente da junta] não cumpre nenhuma”, dando como exemplo, também, “a estrada 509, que está no orçamento e que todos sabemos não vai ser feita, na política não pode valer tudo, não se pode andar a mentir às pessoas”, concluiu, recordando o caso do orçamento de 2022, e as promessas feitas a Paulo Januário para o aprovar, “em que nenhuma foi cumprida”.

António Quintela destaca ainda que do ano passado para este ano o orçamento passa de 603 mil euros para 611 mil, sendo que o aumento de deve à rubrica dos combustíveis, questionando “onde estão os investimentos”.