O abate de árvores que se verificou na Av. Frei Heitor Pinto, no âmbito das obras de requalificação que ali decorrem, foi um dos temas abordados na reunião pública da Câmara Municipal da Covilhã, que teve lugar ontem, dia 13, no Auditório Municipal.
No período de intervenção do público, o arquiteto Pedro Seixo Rodrigues teceu críticas à política seguida pela autarquia nesta matéria em geral e no caso concreto em particular, para além de apontar outros erros à obra em causa.
Na sua intervenção criticou a demolição do edifício que em tempos serviu de apoio às bombas de gasolina que existiram no local, “pela sua particularidade” considera que “deveria ter sido olhado de uma outra forma”, dando-lhe “um uso que o dignificasse” disse.
A falta de aviso sobre o corte da rua e principalmente o abate de árvores que já se verificou na avenida mereceu as críticas mais duras, lamentando que numa altura em que muito se fala de alterações climáticas, na cidade, hoje, tal como no passado, a política seja o corte de árvores.
Afirmando que desconhece o projeto, desafia o município a apresenta-lo publicamente, “para que não haja mais surpresas”, e realça que o que circula internet propõe o abate das árvores que se encontram em frente à sede da banda da Covilhã, avisando que “ainda se está a tempo de preservar e evitar o corte dessas árvores”.
Um abate que “desvirtualiza” toda a zona, que deve ser “área protegida”, por ter imóveis classificados, frisando que também por isso a zona deve ser “salvaguardada”.
Vítor Pereira faz “meia culpa” no que toca ao aviso de início de obras, reconhecendo que deveria ter sido mais atempado e eficaz.
Quanto ao abate de árvores, garante que “não é feito de ânimo leve” e assume o princípio de “por cada uma que inevitavelmente seja abatida, a autarquia plantará cinco”, afirmando que “uma das coisas que mais lhe custa na vida é ver cortar uma árvore”.
Explicou ainda que, no caso concreto, como noutros, há arvores que são da largura dos passeios e “entre o muro ou as casas não passam pessoas ou carros de bebé”, uma situação que tem que ser, ainda, conciliada com estacionamentos, o que trás dificuldades acrescidas.
Pese embora este facto, concorda com a manutenção das árvores em frente à banda da Covilhã, avançando que “já alertou os serviços para esse facto”.
O autarca alerta, no entanto, que é preciso haver circulação e, mantendo as árvores, não haverá esplanadas, pois será dada prioridade à circulação de pessoas.
Noutros locais da avenida, não compartilha da mesma opinião, frisando que este tipo de arvoredo “não é amigo do meio urbano e não se consegue compaginar passeios, com estacionamento e circulação”, frisando que “as que tiveram que ser abatidas serão substituídas por outras no local e em outros noutros sítios”.
Já sobre o edifício demolido, não considerando que seja histórico, frisa que “há um certo revivalismo”. Explica que naquele local haverá um arranjo urbanístico consentâneo com a zona e com o próprio palacete que está nas imediações.
Pedro Farromba, vereador da coligação Juntos Fazemos Melhor, também criticou o facto de não se ter retirado os antigos depósitos de combustível do posto de abastecimento, apara além de considerar que não é correto ter o escoamento de água pluviais para o esgoto.
Já sobre o abate de árvores, considerou “chocante” o que se vê na avenida e realça que se não fosse a contestação popular não havia o anúncio de plantar mais árvores feito pelo presidente, frisando que é, como habitualmente, a autarquia a reagir.
José Miguel Oliveira, vereador do PS, que já foi administrador da ADC, empresa que tem a seu cargo esta matéria, recordou que em 2014 não havia sequer um levantamento fitossanitário do arvoredo, nem o que existia na cidade. Algo que já foi feito, disse, frisando que essa gestão está a ser feita, especificando que “o princípio é, sempre que possível, manter a árvore, mas dar sempre prioridade a pessoas e bens”.
Foto: Carlos Alberto Monteiro