Diretor regional da Segurança Social considera que imigrantes “são uma mais-valia para a sustentabilidade”

A Santa Casa da Misericórdia da Covilhã realizou, esta manhã, uma ação de sensibilização sobre o tráfico de seres humanos e o provedor da instituição, António Neto Freire, começou por dizer que a mesma “está atenta a vários problemas, como o tráfico de seres humanos”, de forma “a tentar resolvê-los na cidade e no concelho”.

Neto Freire falava à margem da sessão de abertura da ação de sensibilização sobre o tráfico de seres humanos, na qual afirmou que estes “são temas muito importantes, atuais e que, mais tarde, irão preocupar”.


“Fico sempre bastante satisfeito e contente para que a misericórdia caminhe em temas atuais e que alertem a população, porque isso também é praticar o bem, é praticar as obras da misericórdia”, salientou ainda o provedor.

Nuno Maia, diretor do Centro Distrital de Segurança Social de Castelo Branco, avançou que o país “está a recorrer a mão-de-obra estrangeira para mitigar o efeito da mão-de-obra de uma forma geral”, sublinhando que “os imigrantes são uma mais-valia para o sistema que contribui positivamente para a sustentabilidade da segurança social”.

De modo a sustentar a ideia, o dirigente destacou os “cerca de 650 mil trabalhadores que contribuíram, só no último ano, com cerca de 1500 milhões de euros para a economia”, salientando ainda que, desde 2015, o peso dos trabalhadores de nacionalidade estrangeira aumentou de 3% para 13% do total dos trabalhadores registados na Segurança Social”.

Durante a sua intervenção, Nuno Maia destacou os casos de imigração provenientes de países fora da Europa, que apresentam maior “vulnerabilidade social por não falarem português, falta de rede social e familiar, descontextualização cultural e desconhecimento da organização social e das instituições do país”.

“Apresentam fragilidades e, por vezes, são vítimas da exploração laboral e ficam à mercê de situações de grande carência”, frisou.

23% dos contactos efetuados para a linha de emergência social, em 2022, foram de imigrantes, resultando num total de 848 contactos, revelou Nuno Maia, sublinhando que, só em janeiro, telefonaram 116 estrangeiros, representando 31% do total das chamadas efetuadas.

Em última nota, Nuno Maia avançou que o Instituto da Segurança Social abriu sete espaços de acolhimento, que apresentam uma capacidade de acolhimento de 230 pessoas.

O diretor do centro reconheceu ainda a importância desta ação de sensibilização, “que abordou uma temática que, diariamente, assume uma maior relevância no combate à exclusão de quem procura o território”.

À semelhança de Nuno Maia, também Regina Gouveia, vereadora com pelouro da ação social na Câmara Municipal da Covilhã, destacou a importância da iniciativa que auxilia a “ter mais consciência, a perceber o que cada um pode fazer e o que, em conjunto, se pode fazer”.

“Quando se trabalha um tema destes, pensamos sempre que seria bom não termos de abordar um tema destes, porque não há nada que nos deva envergonhar mais do que termos realidades em que seres humanos não tratam com respeito e não têm, para com outros seres humanos, uma relação que tenha a ver com reservar a dignidade do outro”, sublinhou Regina Gouveia durante a sessão de encerramento.

A autarca destacou ainda o “orgulho” que tem na equipa, deixando uma mensagem de agradecimento a todos os participantes, que “partilharam saberes, competências e conhecimentos essenciais que ajudam a melhorar a capacidade de intervenção”.

A ação de sensibilização sobre o tráfico de seres humanos teve lugar hoje de manhã na Biblioteca Municipal da Covilhã.