O absentismo escolar no concelho da Covilhã “é preocupante”, vinca Solange Moreira, presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco na Covilhã.
Embora sem dados específicos, que ainda estão a ser compilados para o relatório final, a responsável frisa que “há muitas sinalizações de crianças à Comissão, por parte de várias escolas, sobre esta problemática”.
Solange Moreira falava à Rádio Clube da Covilhã, à margem do Fórum sobre este tema que ontem decorreu, no auditório Municipal da Covilhã, e que reuniu cerca de uma centena de elementos de escolas e outras entidades.
A presidente da CPCJ da Covilhã avança que esta é a segunda problemática com que se debate este organismo na Covilhã, considerando que é fundamental desenvolver este debate para se conseguir chegar às melhores soluções.
“A seguir à violência doméstica é o absentismo escolar a problemática com que mais nos debatemos”, disse, detalhando que que para “proteger e ajudar as crianças e os estabelecimentos de ensinos” é preciso este debate.
“As escolas tentam tudo, o contacto com os encarregados de educação, a conversa, esgotam as suas competências e diligências e têm que remeter os casos à Comissão”, revela, sublinhando que os “dados são preocupantes”.
A responsável frisa ainda que este fenómeno “está a aumentar”, porque, em muitos casos, “é minimizado pelos encarregados de educação que justificam as faltas, não o valorizando e desculpando os filhos”.
“As condições socioeconómicas, a má alimentação, a falta de higiene, as más condições de habitabilidade, também podem levar ao absentismo”, frisa, não descartando, também, a influência dos amigos. Começa-se por faltar a uma aula e depois “torna-se um hábito”, sublinhando que para além da falta à aula é importante saber o que se faz nesse tempo.
Um tema de deve ser estudado e aprofundado. “Pode ser causa ou consequência”, sublinhou Regina Gouveia, vereadora com o pelouro da educação na Câmara Municipal da Covilhã, durante a sessão de abertura dos trabalhos.
Alerta que “é um tema inquestionavelmente relevante”, porque terá, na sua génese, causas e consequências, que devem ser devidamente estudadas.
A autarca sublinha que nesta matéria a autarquia “já desenvolveu algumas estratégias para o seu combate”.
“O projeto ‘Eu Sou +’ foi criado no âmbito do combate ao insucesso e absentismo escolar. Criámos o ‘Espaço dos Sentidos’, mais direcionado a crianças e jovens com necessidades específicas e, mais recentemente, o ‘Espaço C3D’ que também quer estimular e desenvolver o gosto pela aprendizagem, atuando mais na área da criatividade”, sublinhou.
Segundo o olhar da GNR, esta é uma problemática que tem que ser trabalhada em contexto escolar e familiar.
Defendendo que pode haver uma correlação que indica que quanto maior é o índice de escolaridade menor será a criminalidade, João Santos, comandante da GNR da Covilhã, defende que é preciso “defender uma parentalidade mais atenta e positiva”, sublinhando desta forma a importância do contexto familiar.
Quanto às escolas vinca que é importante “acompanhar como pais, encarregados de educação e entidades públicas, tudo o que se pede aos professores que trabalham esta matérias”, vincando que “estes não se devem sentir isolados neste âmbito”.
Nesta sessão participou à distância Hélio Ferreira, coordenador da equipa técnica regional do centro da Comissão Nacional de Promoção de Direitos das Crianças, e afirmou que, também nesta matéria, “não pode haver pronto a vestir, tem que haver modistas que desenhem um fato à medida de cada criança”.
Sublinha que este “não é um problema que se resolve denunciando à CPCJ e depois ao tribunal. É complexo, multicausal que tem que ter respostas centradas na criança para se evitar e prevenir”.
Em jeito de conclusão, disse, na sua intervenção, que “está na hora de evitar a comunicação à Comissão e a judicialização do abandono escolar. Este é um problema comunitário, não escolar, que exige soluções comunitárias”, disse.