SMALLable: Beleza e saberes de Sobral de S. Miguel conquistam parceiros europeus

Sobral de S. Miguel, aldeia do xisto do concelho da Covilhã, assistiu esta manhã a uma movimentação diferente.

Um grupo de cerca de 30 elementos, oriundos dos países que, juntamente com a freguesia integram o projeto SMALLable – Marginal Cities Network, participaram numa visita imersiva aos tesouros da aldeia.


Fornos comunitários, onde viram e ajudaram a amassar o pão, moinhos onde ainda se mói o grão para fazer farinha, para não falar das belezas que o casario esconde em cada esquina, em cada recanto da ribeira, ou até na rústica calçada onde o xisto de mostra.

São belezas naturais a que o saber ancestral das gentes da aldeia se junta, construindo uma identidade ímpar, que só quem a ouve, vê e sente consegue transmitir.

“É um orgulho” apresentar a minha aldeia. Disse Sandra Ferreira, presidente da Junta de Freguesia à nossa reportagem, enquanto também o deixava transparecer durante as conversas com todos aqueles a quem apresentava “o Sobral”. “Daqui a uns dias ainda fica mais bonito, quando tudo florir”, sublinhava, num convite claro a que voltem.

É de mostrar estas beleza, e a vida que existe nestas aldeias, que trata este projeto. É mostrar que é possível inverter a curva do despovoamento.

No total são oito parceiros, entre autarquias e associações de desenvolvimento provenientes de cinco países europeus, Portugal, Espanha, Itália, Croácia, Hungria. “Aldeias semelhantes a Sobral de S. Miguel que em conjunto vão tentar criar um guia de boas práticas para combater o despovoamento”, sublinha a presidente de junta.

“Integrar este projeto com aldeias semelhantes à nossa da Comunidade Europeia é uma grande satisfação. Vamos partilhar ideias, aprender uns com os outros ao longo dos dois anos, para daqui saiam linhas que nos ajudem a combater a desertificação”, vincou.

Este é o grande objetivo do projeto, “refletir, em conjunto, novas oportunidades de revitalização destes territórios através de metodologias e projetos participativos”.

Os primeiros passos estão a ser dados, estão a decorrer reuniões para delinear os termos práticos da sua aplicação, nomeadamente de que forma os jovens das várias aldeias irão participar nas atividades que se irão desenvolver em cada uma delas.

Sandra Ferreira concorda que o objetivo é “vender” a quem não conhece a realidade que aqui se encontra.

“Podem vir, há muito para fazer, para aprender e partilhar. É bom viver em comunidade, é bom viver as, e nas, nossas aldeias”, desafia.

Se a beleza da aldeia, a sua paisagem e “o seu ar” mereceu elogios dos visitantes, a gastronomia é apontada, também, como ponto forte.

“Uma gastronomia muito forte, um produto muito bom que deve ser conhecido e comercializado”, sustenta Sandra Ferreira, vincando que “este é o saber da aldeia que pode trazer riqueza, pode ser uma mais-valia é um produto que vende”.

Sobre o projeto, a autarca espera que se passe a imagem que “não são aldeias marginais, ao contrário do nome do projeto”.

“São aldeias vivas, com uma forte cultura e que não querem por nada morrer. É preciso regar, semear, tratar, para depois colher e com este projeto vamos tentar fazer isso. Para que as nossas árvores não morram, os nossos anciãos não se percam, para que todo o nosso saber possa ser transmitido e ser mais valor para a aldeia”, detalhou.

Até amanhã, dia 9, este grupo de parceiros está a realizar reuniões de trabalho, no início de um projeto que vai durar dois anos. Mais tarde serão realizadas oficinas residenciais, com cerca de 15 jovens de cada país, que trabalharão juntos e com especialistas para “projetar novas oportunidades e caminhos de desenvolvimento para os seus territórios”.