Unhais da Serra: Assembleia de Freguesia volta a reprovar orçamento

A oposição em bloco votou contra o orçamento para 2023 apresentado pelo executivo da Junta de Freguesia de Unhais da Serra e os votos favoráveis do PS não foram suficientes para passar o documento que, uma vez mais, foi rejeitado, com 5 votos contra (CDU, Juntos Fazemos Melhor e Covilhã tem Força) e 4 a favor (PS).

Numa Assembleia de Freguesia com alguns momentos de crispação, na altura de discutir e votar o orçamento apenas a bancada do PS se inscreveu para questionar o executivo.


José Guerreiro, presidente da Junta de Freguesia, disse que os documentos têm algumas alterações em relação a anteriores versões postas a votação, nomeadamente a introdução do festival Covialvi Serra da Estrela e a pintura do edifício da junta. Garante que gostava de ter mais obras previstas, mas questões financeiras e humanas não o permitem.

“Incluímos o Covialvi e a pintura da Junta de Freguesia, gostava de ter possibilidades financeiras e humanas de fazer mais coisas, porque não estamos condicionados só por nós. Muitas vezes estamos dependentes da vontade de terceiros. Vamos ao mercado e não há ninguém que queira fazer nada. A fachada da junta vai ser pintada, muito provavelmente pelo pessoal da junta porque não há ninguém que o queira fazer”, disse

Justificações que não convenceram a oposição que manteve a posição da assembleia de dezembro, e de outras que se seguiram, e votou contra.

Antes da discussão deste ponto, no decorrer do período antes da ordem do dia, já se vislumbrava este cenário.

Paulo Januário, eleito pela coligação Juntos Fazemos Melhor, na sua primeira intervenção, deixou clara a sua crítica ao executivo quando pediu desculpa aos 400 unhaenses que não votaram PS por ter viabilizado este executivo, afirmando “que foi um ato de ingenuidade pensar que se poderia trabalhar em equipa em prol da vila”.

“Gostava de questionar o executivo se tenciona iniciar e terminar algumas das obras que prometeu”, disse, elencando algumas dessas obras. Perguntou também “se há alguma obra parada por não ter orçamento aprovado”, esclarecendo que “não há obras paradas porque nenhuma obra foi ainda começada”.

Críticas que mereceram resposta. José Guerreiro deu conta que a grande fatia do trabalho e verba da junta “está enterrado”, referindo-se à renovação de condutas de distribuição de água que está a realizar. “Não se vê, mas a obra está lá”, disse o autarca.

Também a bancada da CDU, tanto pela voz do presidente da assembleia, António Quintela, como na intervenção do segundo secretário da mesa, João Pereira, criticaram o executivo. António Quintela por diversas vezes acusou o executivo de não realizar obra, dando como exemplo o ano de 2022 em que, “com um orçamento superior a 600 mil euros, não se fez nada”, disse.

João Pereira, logo no início da assembleia deixou críticas a diversas situações que encontra na freguesia, desde a situação dos parques infantis, arruamentos sujos, viaturas abandonadas na via pública e a falta de um local para se praticar desporto, dando o exemplo de um mini campo colocado na zona das Moutas, mas que está ao abandono, acusou.

A bancada do PS considera que o chumbo do orçamento, sem apresentar alternativas ou propostas, prejudica a freguesia.

“O orçamento apresentado continha diversas medidas e políticas que consideramos cruciais para o desenvolvimento económico e social da freguesia, acreditamos firmemente que essas ações seriam fundamentais para impulsionar o progresso e melhorar a qualidade de vida dos nossos cidadãos. Acreditamos que a oposição tenha as suas razões para rejeitar o orçamento e respeitamos o direito legitimo de apresentar as suas discordâncias e propostas alternativas. Acreditamos que a rejeição do orçamento proposto, sem a apresentação de uma alternativa sólida e viável, prejudica a freguesia como um todo”, descreveu na declaração de voto.