CMC ajuda apicultores a combater vespa asiática. Quebras na produção de mel atingem 30%

Há apicultores no concelho da Covilhã com quebras na produção de mel a atingir os 30%, em muito devido à vespa asiática, e alguns ponderam desistir da atividade.

Para minimizar os danos e controlar tanto quanto possível as colónias de vespa velutina (asiática) a Câmara Municipal da Covilhã está a entregar armadinhas e atrativo para captura desta espécie invasora.


As primeiras foram entregas esta manhã numa cerimónia simbólica, no salão nobre da autarquia, que envolveu cerca de três dezenas dos 96 apicultores do concelho.

José Armando Serra dos Reis, vice-presidente da CMC, sublinhou a importância desta ação, vincando que as armadilhas e o respetivo atrativo “são eficazes para o combate desta espécie invasora”.

“Compete-nos a nós, Proteção Civil Municipal, ao Município, à Comunidade Intermunicipal e o todos os que decidem tomar a dianteira e envolver-vos [apicultores] para que possamos encontrar meios para proteger as colónias de abelhas melíferas”, disse o autarca, sublinhando “que se pretende reduzir ao mínimo o crescimento dos ninhos” da denominada vespa asiática.

Um combate que a autarquia já iniciou em 2019, ano em que foram detetados e exterminados nove ninhos, em 2020 foram 18, em 2021 subiu para 52, em 2022 para 87 e em 2023 a Proteção Civil Municipal já exterminou 147, sendo presumível que o número venha a aumentar, uma vez que a época em que mais ninhos se detetam é no outono, já que estes ficam mais expostos face à queda da folha, explicou o autarca.

José Armando Serra dos Reis sublinha que “não se exterminam todos os ninhos, mas todos os que são reportados”, realçando a importância de “se manter a atenção e a vigilância, reportando os ninhos que sejam avistados”.

O autarca deixou claro que nestes casos “não se deve tentar destruir o ninho por meios próprios”, pois tal pode potenciar o surgimento de outros, mas sim contactar a Proteção Civil Municipal que o irá exterminar com eficácia.

Num concelho com 96 apicultores registados a produção de mel “é um importante complemento dos produtores”, realçou Serra dos Reis, sublinhando que esta ação do município pretende defender este produto, mas também as abelhas que “são importantes para o futuro da produção agrícola e frutícola”. “Tudo o que se possa fazer em defesa das abelhas é sempre pouco”, disse.

A quebra na produção de mel no concelho é real, sublinham os apicultores.

Ana Pais, que tem os seus apiários no Teixoso, conta que já teve 40 colmeias, atualmente tem 20, pois muitas foram-se perdendo muito devido à vespa asiática.

Afirma que pondera “desistir”. “Ficamos desanimados”, desabafa.

José Filipe, que tem as suas colmeias no Terlamonte, cerca de 150, diz que já chegou a retirar cerca de 1.500kg mel por ano, mas graças à vespa tem quebras de cerca de 30%.

“As colmeias ficam fracas, algumas acabam por morrer e no ano seguinte não produzem e as que produzem, produzem muito menos”, diz. Em termos económicos sublinha que substituir as colmeias que morrem é “muito trabalhoso e muito caro”.

Na cerimónia foram entregues 5 armadinhas e respetivo atrativo a cada apicultor e foi explicado que em caso de necessidade a Proteção Civil Municipal pode fornecer mais equipamentos.

Esta é uma ação que resulta de uma candidatura da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, ao POSEUR, no valor de 93 mil euros, e que é desenvolvida em todos os municípios que a integram.