Mais um passo no estudo da Fibromialgia. UBI incluiu doença no curriculum de medicina

A Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior vai incluir a Fibromialgia no curriculum dos estuantes de medicina, anunciou o presidente da faculdade Miguel Castelo-Branco.

“A fibromialgia foi oficialmente incluída como item do programa este ano, se bem que nós já falamos da gestão da dor desde o início do ensino da medicina na Covilhã”, sublinhou.


Miguel Castelo-Branco justifica que, “sendo esta uma doença muito frequente” os alunos “têm de saber lidar com ela”.

O anúncio decorreu no domingo, durante a cerimónia de posse do conselho académico da Academia Portuguesa de Fibromialgia, Síndrome de Sensibilidade Central e Dor Crónica, que tem sede na Covilhã.

Miguel Castelo-Branco foi um dos três académicos empossados, e no seu discurso salientou a importância do estudo e investigação de uma doença que tem levantado muita polémica.

“Há quem não acredite, há quem ache que é apenas uma doença psicológica, há quem ache que é apenas uma forma das pessoas se desculparem das suas obrigações, no entanto, a ciência tem vindo a demonstrar que isso são visões falsas do assunto e que é importante, de uma vez por todas, nós assumirmos que é um problema de saúde, que precisa de ser investigado e as pessoas que o sofrem precisam de ser adequadamente tratadas e orientadas”, vincou.

O responsável defende que agora é preciso criar uma estratégia para a Cova da Beira, que deve ser delineada pelo Centro Académico Clínico das Beiras.

“A estratégia está a começar a ser delineada, mas de uma forma mais ampla, é preciso ver como é que as instituições de saúde e as instituições de ensino superior associadas ao Centro Académico Clínico das Beiras veem esta questão da intervenção na fibromialgia na nossa região geográfica”, disse.

A Faculdade de Ciências da Saúde da UBI ficará com o campo da investigação e ensino, disse o presidente, vincando que “ainda este ano poderá avançar um curso sobre fibromialgia, destinado a profissionais de saúde”.

Um passo importante para as pretensões da Academia de Fibromialgia que, recorde-se foi formalizada em julho e que surge na sequência da unidade de tratamento da doença que existe na Mutualista Covilhanense.

Juntamente com Miguel Castelo-Branco, foram empossados como académicos Jesus Angel Hernandez, professor catedrático emérito de fisiologia médica da Universidade Complutense de Madrid e académico da Real Academia Nacional de Medicina de Espanha; e Jose Luis Bardasano Rubio, professor catedrático emérito de histologia e anatomia patológica da Faculdade de Medicina da Universidade de Alcala de Henares, em Madrid, e presidente da Sociedade Europeia de Bioeletromagnetism.

“Um dia mágico” considerou o presidente e fundador da academia José Luis Arranz Gil, apontando que para o conselho académico da associação entraram três magos da medicina e da formação.

“Hoje é um dia mágico, não só porque é o início desta nova jornada académica, mas porque vamos receber três magos da medicina. Os magos têm por finalidade encontrar soluções para os problemas, e por analogia, os que hoje investimos com a designação de académicos, investigam, tratam os seres humanos doentes e ensinam a nobre arte aos seus discípulos para aliviar o sofrimento humano”, elogiou.

O presidente da Academia e médico na Unidade de Fibromialgia da Mutualista Covilhanense, considerou um passo importante o facto de a Faculdade de Ciências da Saúde da UBI considerar o ensino da Fibromialgia.

Esta é uma lacuna que existe em quase todas as escolas médicas do país, que falam da dor crónica, mas sem dar a devida atenção a esta doença muito frequente, contrariamente ao que fazem com muitas outras que são raras, sublinhou.

Recordar que a Academia nasceu com a vocação de ser uma sociedade científica com carácter pedagógico-documental, onde se reunirão académicos que, com dedicação, rigor científico e correção metodológica, aprofundam o estudo do conhecimento da fibromialgia, síndrome da sensibilidade central e dor crónica, com o objetivo de tratar, ajudar, compreender e cuidar das pessoas que sofrem com esta enfermidade”.