A Câmara Municipal de Manteigas aprovou, por maioria, um dos maiores orçamentos de sempre, no valor global de cerca de 14,2 milhões de euros. A discussão e votação decorreu na última reunião publica da CM Manteigas.
Um orçamento “histórico”, disse o presidente do Município, Flávio Massano, que se mostrou “satisfeito e orgulhoso” com o que o município manteiguense conseguiu nos últimos dois anos.
“O orçamento é resultado visível de um trabalho de dois anos, que merece continuidade”, começou por dizer o autarca, sublinhando que é fruto do trabalho de todos os que compõe a autarquia e só com o “envolvimento de todos será possível executar o maior orçamento de sempre de Manteigas”.
Um orçamento que “assenta num planeamento cuidado, acompanhado por uma boa gestão financeira e uma enorme capacidade de idealizar novos projetos que, face à originalidade e reconhecido mérito, têm possibilitado encontrar fontes de financiamento externas para, praticamente, tudo o que se pretende implementar nos próximos anos”, disse.
“Depois de tanto planeamento, este orçamento tinha de aparecer e sem modéstia é o melhor orçamento que já foi apresentado em manteigas” assegurou o autarca, vincando que iniciou o mandato com 6 milhões de orçamento e, passados dois anos, apresenta um planeamento de 14,2 milhões, o que enche de “orgulho e satisfação”.
A apresentação, que demorou cerca de uma hora e meia, e que destacou projetos que, disseram os vereadores da oposição não conheciam ou não estavam explícitos nos documentos enviados, mereceu a crítica do PS e PSD.
Tanto a bancada do PS como o vereador do PSD disseram-se “surpresos” com alguns dos projetos elencados, “porque não os conheciam”. Reconhecendo, no entanto, que foi a apresentação que os fez mudar o sentido de voto, optando pela abstenção, ao contrário do voto contra.
Tomé Branco e Ana Muxana (PS) começaram por dizer que os documentos entregues aos vereadores “pareciam elaborado à pressa” sem grandes novidades, numa sumula de medidas que não tinham sido concluídas em 2023 e outros novos projetos sem se saber ao que vêm”.
A bancada do PS frisa que este “assenta numa estratégia de comunicação que foi segregada à oposição”, vincando que “não se sentiram incluídos na discussão do orçamento”. “Não fomos tidos nem achados”, disse Tomé Branco.
Nuno Soares (PSD) acusou o executivo de não ter procurado consensos para o orçamento, como se exigia a um executivo minoritário como é o de Manteigas.
Frisa que a estratégia foi “surpreender” com a apresentação na reunião, considerando que esta é diferente do que está espelhado nos mapas e tabelas financeiras distribuídas aos vereadores.
“É uma estratégia, eu discordo dela”, disse. Deu os parabéns pela parte comunicacional, avisando que dará os parabéns em abril de 2025 se a taxa de execução for satisfatória, o que considerou difícil.
Quanto a projetos, na área da habitação a autarquia propõe-se aumentar a oferta, com quatro projetos. Recuperação dos edifícios da Tipografia, Torres da Mantufa, Antigo Posto da GNR, e Projeto Santa Casa criando um total de 33 novos apartamentos. Um projeto totalmente financiado pelo PRR num total 3,4 milhões de euros
Revitalizar ambiente urbano com enfoque no projeto da requalificação da Praça Central da vila, um investimento de 1,4 milhões de euros, cuja obra pretende iniciar em 2024.
O Parque Urbano de Sameiro, o projeto não está fechado, poderá custar cerca de 800 mil euros, estimando um financiamento de cerca de 55%.
O Mural da Entrada da Vila, com 150 mil euros e dotação para iniciar o projeto, cujo projeto grandioso para o futuro, disse o presidnete.
A implementação de transporte flexível, entre Belmonte e Manteigas e entre as freguesias e Manteigas, que funcionará com o autocarro adquirido pelo município, táxis e até carrinhas de IPSS.
Melhorar urbanismo e vias de comunicação, nomeadamente o acesso ao poço do Inferno cuja obra deverá arrancar no próximo ano. O mesmo com a ligação às Penhas Douradas.
O autarca destacou ainda outros projetos como o Matufa Green Park, que pretende transformar o local no Parque Central da Vila de Manteigas, um local onde as pessoas se possam deslocar a pé, explicou o presidente da Câmara. Para 2024 prevê-se a realização do projeto.
O Passeio do Zêzere, um projeto que já vem de trás, pretende-se alterar o projeto, transformando-o num mais natural, sem passadiços nem varandins.
O Serra da Estrela Tech Village, o Ninho de Empresas, o Burel coworking office, a Lã e a Neve, são conceitos que estão a ser trabalhados e que serão apresentados no próximo ano, sendo que outros estão mais avançados e irão abrir portas.
Na área do investimento há medidas para captar investimento, nomeadamente com a criação de uma área de acolhimento empresarial (SOTAVE) já em execução. Um projeto de 1,5 milhões já com cerca de 700 mil euros executados.
Potenciar a criação e a inovação a partir de produtos endógenos, é algo que “vai mudar Manteigas”, sublinha o presidente da Câmara, que prevê, entre outros, a criação de um mercado de Montanha K0. Um projeto já com financiamento mais de 600 mil euros, disse o autarca.
A área Turismo é objetivo oferecer experiências únicas e com qualidade aos munícipes e visitantes. Entre os projetos o Estrela Green HUB em que se está a investir cerca de 900 mil euros, com apoio do Turismo de Portugal. Prevê a criação da Casa da Floresta, na Casa do Guarda, Trilhos Verdes, entre outros.
Na área da Cultura será criado o Manteigas Café-Concerto, no espaço internet.
No que toca a eventos a aposta será na continuidade dos lançados nos últimos anos que têm tido sucesso como a Expo Estrela, Festival de Montanha, Faias Ode ao Outono, EGT, Grandfoundo Serra da Estrela, Estrela Extreme Triathlon e o Estrela Road Challenge.
A Praia Fluvial da Várzea, Parque Aventura da Relva da Reboleira, Parque Ambiental da Fábrica do Rio, Observatório das Alterações Climáticas, são outros projetos que o município pretende desenvolver.
É também objetivo continuar a aposta na identidade da lã, com eventos como o Land Wool Innovatiom Week, com a criação do Land Casa da Lã, do Design e das Artes, reabilitando antigos edifícios.