Banda Larga “em todas as casas” para combater assimetrias, garante Primeiro-Ministro

O Governo pretende que todas as casas do país tenham banda larga e para tal vai investir mais de 400 milhões de euros, 50% dos quais suportados por fundos comunitários.

É assim que se combatem assimetrias, apontaram durante a cerimónia de apresentação do projeto, ontem à tarde em Belmonte, o Primeiro-ministro, António Costa e a Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.


Para António Costa este projeto representa o início da inversão da sangria de população do interior.

“Este investimento que vai ser realizado, entre fundos nacionais e fundos europeus, vai servir cerca de 400 mil habitações, empresas, locais de comércio, terrenos agrícolas, vai permitir dotar todo este território das mesmas condições de acesso e de conectividade ao espaço digital que temos em Lisboa”, sublinhou.

Trata-se de “uma oportunidade da maior importância”, para o desenvolvimento do interior, disse, vincando que este é um passo importante nesse sentido.

“Sejamos claros, nós não contrariamos numa década a sangria de seis décadas, mas esta é a década em que temos de criar as condições para fazer a inversão. Para estancar a hemorragia e começar a criar as condições para fazer essa inversão”.

O governante realça que depois do investimento em infraestruturas rodoviárias e ferroviárias, agora é nas infraestruturas digitais que se centra o investimento para atração de empresas, emprego e consequentemente população.

Para este projeto em concreto, cujo concurso público internacional vai ser publicado na quinta-feira e que se espera esteja com obra no terreno em 2024 para concluir em três anos, foi fundamental o trabalho da ANACOM, explicou.

Sublinha que os requisitos da União Europeia para este aviso eram “um convite a que nada se fizesse” uma fez que era necessário localizar casa a casa onde havia e não havia fibra. Um trabalho “hercúleo” e Portugal “é o primeiro país da União Europeia a realizá-lo”, sublinhou.

O Primeiro-Ministro sublinhou a importância para a atração de empresas para o interior do país, onde se situam a maioria das zonas brancas do país, mas também fundamental para as empresas que já estão instaladas no território, para o comércio que pode apostar mais no digital, para o setor agrícola, cada vez mais dependente de tecnologia de ponta e para a população mais envelhecida onde a teleassistência ganha cada vez mais força.

António Costa aponta faz parte de uma “estratégia coerente e integrada para o desenvolvimento do interior”. Para o governante, “a terra está preparada, agora é lançar as sementes”, disse perante uma plateia de presidente de câmara da região.

“Se a estratégia produz frutos em dois anos? Não, não produz, mas cria as condições para que as próximas décadas sejam de inversão. É esse trabalho que temos pela frente e este grande investimento que é feito para dotar com banda larga todas estas estas regiões com mesma qualidade do litoral, não resolve o problema, mas prepara a terra para a sementeira, e a partir daqui é fazerem-se à vida, irem à procura das sementes porque a terra está preparada para as receber, para que possam devidamente florescer”, descreveu.

Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial, que acompanhou o Primeiro-Ministro neste lançamento, afirmou em Belmonte que este era um dos dias mais felizes enquanto Ministra pelo que representa no combate às assimetrias, possibilitando restituir às populações liberdade de escolha.

“Hoje é um dia muito especial porque a partir de hoje vamos começar a fazer o caminho para colocar este território em pé de igualdade com os que já aparecem a verde (com cobertura) no mapa. É o que melhor podemos fazer pela anulação das assimetrias e não só territoriais, mas também sociais, de oportunidade de investimento, de investigação, da nossa liberdade para tomar decisões”, pontou.

Esbater assimetrias é poder escolher “onde queremos estudar, onde queremos viver e trabalhar, porque estas assimetrias cortam-nos a liberdade. Quando este mapa passar a ser todo verde, teremos um país onde garantimos igualdade de oportunidades e no dia-a-dia vai traduzir-se na liberdade de escolhermos”, sublinhou.

A cerimónia de apresentação do projeto de conetividade “de todas as casas do país a banda larga” foi apresentada no Auditório do Museu Judaico, em Belmonte.

António Dias Rocha, presidente da CM Belmonte, considerou que este este projeto visa a modernização tecnológica do interior e irá facilitar o desenvolvimento da economia digital. Aponta que o facto de o Governo escolher Belmonte para apresentação mostra a importância que o Governo atribui ao Interior.