Belmonte é um dos concelhos que se bate com falta de médicos de família, precisa pelo menos de mais dois médicos no Centro de Saúde, uma situação que preocupa a Câmara Municipal e que tem que ser resolvida pelo Estado, disse António Dias Rocha, presidente do executivo.
Na reunião pública de quinta-feira (25), o autarca sublinhou que fica “siderado” quando vê autarquias a oferecer casas e incentivos, o que considerou “inadmissível”.
“Nós temos obrigações sociais, todos sabem que sou médico até, eu não sinto é que a Câmara tenha obrigação de resolver um problema que é do Estado português. Eu fico siderado quando vejo câmaras a oferecerem casas, mais mil euros por mês aos médicos, isto é inadmissível, é tipo dar a esmola ao pobrezinho, nem sei que tipo de situação é esta”, disse.
António Dias Rocha explica que no caso concreto de Belmonte, existiram conversações com um grupo privado, para ter mais dois médicos em Belmonte, mas face às alterações que estão em curso com a criação da ULS Cova da Beira está a aguardar-se o desenrolar da situação.
Aos jornalistas, no final da reunião, o autarca sublinha que para haver médicos no SNS “têm de ser bem pagos” e essa é uma responsabilidade do Estado.
Quanto aos novos médicos, defende que depois de formados, e dada a atual situação em que a falta de médicos é generalizada, não é do Interior do país, deveriam ser obrigados a prestar serviço no SNS durante alguns anos.
Não esconde que em rigor as autarquias podem ter o pacote de incentivos à fixação de médicos, mas destaca que “não é para aí que as Câmaras devem estar vocacionadas”, sublinhando que se está a falar de pessoas altamente qualificadas, médicos e enfermeiros, e o Estado tem obrigação de assumir essas responsabilidades.
“Há coisas que não se entendem, vão passando para as câmaras e muitas vezes esquecem-se das atribuições financeiras para suportar essas obrigações que já que temos, quanto mais avançar com pagar casas a médicos ou professores”, disse.
Foto: CM Belmonte