José António Saraiva, jornalista e autor português, apresentou ontem, na Covilhã, o seu mais recente livro “O Homem que Mandou Matar o Rei D. Carlos”, uma reconstituição vívida e documentada do regicídio do monarca.
Questionado pelos jornalistas sobre o porquê da escolha da Covilhã para a apresentação do livro, José António Saraiva explicou que as cidades do Interior “são mais acolhedoras”, sublinhando que, em Lisboa, estas iniciativas acabam por não ter tanta importância.
“A Covilhã, e em geral as cidades do interior, são mais acolhedoras. Em Lisboa, as coisas acabam por ser impessoais. Aqui, há um acréscimo de interesse. Quando as pessoas veem alguém que pode trazer algo novo, são mais acolhedoras e interessadas”, frisou.
O livro retrata “o desvendar de um mistério que, misteriosamente, durou 116 anos”.
De acordo com a sinopse do livro, “o trio que planeou o assassínio de D. Carlos dava pelo nome de Coruja e era formado por dois monárquicos: José d’Alpoim e visconde da Ribeira Brava, e por um Terceiro indivíduo que nunca foi revelado”.
“Ribeira Brava estava encarregado de comprar as armas e Alpoim arranjou o dinheiro. As pistolas e as carabinas foram adquiridas na Espingardaria Central, ao Rossio. E as reuniões de preparação do atentado tiveram lugar nas águas-furtadas de um prédio situado nas Escadinhas da Saúde, na Costa do Castelo, ao Martim Moniz, onde morava o regicida Manuel Buíça com dois filhos e a sogra. A investigação ao atentado começou logo após o crime, mas deparou-se com inúmeras dificuldades e entraves políticos. E depois da revolução de 5 de Outubro o processo desapareceu misteriosamente no Ministério da Justiça. O nome do homem que deu a ordem para matar o Rei permaneceu até hoje por descobrir”, pode ler-se no resumo.
Em declarações aos jornalistas, José António Saraiva revelou que foram necessários dois anos de investigação para escrever a obra.
“Ainda antes de ser diretor do Expresso, há 40 anos, cheguei a tratar este período, mas houve coisas que me fizeram confusão na altura. Só depois de sair do jornalismo é que tive tempo para fazer uma investigação aprofundada, com muitos documentos, teses universitárias e memórias políticas e chegar a esta conclusão sobre a qual não tenho nenhuma dúvida”, disse.
Jorge Simões, presidente do Rotary Club da Covilhã, promotor da iniciativa, disse ser “um privilégio” José António Saraiva vir à Covilhã “apresentar a sua obra pela primeira vez”.
O livro já está à venda nas habituais bancas.