AM Covilhã: Oposição acusa autarquia de falta de estratégias municipais para a saúde

A saúde e as competências do Município da Covilhã nesta área foram os temas do debate entre grupos municipais na última sessão da Assembleia Municipal da Covilhã. Temas que geraram alguma controvérsia, uma vez que a oposição acusou a autarquia de não ter políticas municipais para a saúde.

João Lopes Bernardo, eleito pelo CDS, salienta que “a única coisa pública é o regulamento da composição e funcionamento do Conselho Municipal de Saúde”, sublinhando, no entanto, que não existem informações sobre este conselho.


“Tem funcionado? Porque é que esta assembleia não tem conhecimento do funcionamento do Conselho Municipal da Saúde? Ainda não houve reuniões ou conclusões?”, questionou.

Recordar que o município assumiu as competências da saúde em 2022, com a lei de transferência de competências.

João Lopes Bernardo frisa ainda que, na lei de transferências, “compete a este conselho contribuir para uma política de saúde a nível municipal”.

O deputado municipal do CDS acusou a autarquia de não ter uma estratégia municipal de saúde, algo “essencial para a garantia da saúde dos covilhanenses”.

João Lopes Bernardo apontou ainda ao município a falta de parecer sobre o planeamento da rede de saúde de cuidados primários e programa de promoção da saúde e prevenção na doença.

Quanto à falta de médicos de família, o eleito falou de números nos vários centros de saúde das freguesias do concelho, nomeadamente, na Covilhã, onde estão 6 mil utentes sem médico de família, no Teixoso, com cerca de 390, e Tortosendo, com mais de 1670.

“Hoje em dia, o essencial é saber o que podemos fazer em termos de infraestruturas e serviços de apoio para garantir que um médico pode ficar na Covilhã”, defendeu.

Hélio Fazendeiro, do Partido Socialista, refere que a Unidade Local de Saúde (ULS) Cova da Beira “é hoje uma peça fundamental no apoio às populações vizinhas”.

“O nosso hospital só tem sido notícia por motivos positivos. Ora porque abrem novos serviços, como é o caso da unidade de intervenção cardiológica, ou porque presta bons cuidados de saúde, não só à nossa população, mas também às populações das unidades vizinhas quando estas estão em dificuldade”, explicou.

De acordo com o líder da bancada socialista, o Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira (CHUCB), agora ULS Cova da Beira, aplicou mais de 12 milhões de euros em investimento entre 2016 e 2023 e tem um plano de investimentos para o futuro de 18 milhões de euros, onde se destacam, entre outros, a aquisição do equipamento de ressonância magnética.

Quanto aos cuidados de saúde primários, Hélio Fazendeiro realçou que o Centro de Saúde da Covilhã dispõe diariamente da consulta aberta, “onde todos os cidadãos podem ter uma consulta, mesmo sem médico de família atribuído”. O deputado socialista não escondeu, no entanto, a preocupação com situações que ainda não estão resolvidas.  

“Apesar destes números, há varias situações que merecem a nossa atenção. A falta de médicos de família para 6 mil utentes é uma preocupação que esperamos que venha a ser resolvida a curto prazo”, frisou.

Fernando Pinheiro, da coligação “Covilhã tem Força” (MPT-PPM-A), disse não haver dúvidas de que “o serviço público na região existe e funciona, embora com limitações inerentes”, sublinhando o aparecimento cada vez mais regular dos privados.

“Se saúdam os investimentos privados, que cada vez mais acontecem nesta cidade, significa que o serviço público está cá e em boa referência, mas se o privado vem, é porque não está tudo feito. Há a possibilidade de defender não unicamente o público, mas também o privado como complemento para benefício de todos”, disse.

O eleito deu como o exemplo a cidade de Coimbra, que “apostou no mundo da saúde e descurou outras possibilidades de investimento”.

“Apostemos na saúde, mas não descuremos outros investimentos que são necessários. O investimento privado não pode nunca ser desligado do investimento público”.

Fernando Pinheiro defendeu que a instalação de novas empresas na área da saúde obriga a um investimento público, por exemplo, nas ligações rodoviárias.

À semelhança do CDS, Vítor Reis Silva, da bancada municipal da CDU, salientou a falta de informação sobre o funcionamento do Conselho Municipal de Saúde e a falta de médicos de família no concelho, “uma falha urgente a colmatar”.

O deputado municipal salientou ainda a importância de programas como o da promoção da saúde e prevenção da doença, “algo que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) faz e os privados não fazem”.

Valéria Garcia, da bancada municipal do PSD, começou por reconhecer e louvar a criação da Unidade de Intervenção Cardiológica na Covilhã.

“Além do benefício que trará aos utentes do município e de toda a região, esta unidade tem, também, o claro potencial de atrair jovens médicos e outros profissionais de saúde que têm agora, no nosso hospital, mais uma oportunidade de desenvolvimento e progressão da sua carreira”, sublinhou.

O PSD valoriza ainda “o facto de o CHUCB ter sido o único da região sem limitação dos serviços de urgência durante o período crítico que decorreu no final do ano civil anterior e que se arrasta ainda em algumas unidades da região”.

“Demonstra que a Covilhã está dotada de profissionais resilientes e com grande espírito de sacrifício em prol do bem-estar da comunidade”, frisou Valéria Garcia.

A deputada social-democrata explicou ainda que os estudantes de Medicina da Universidade da Beira Interior (UBI) fizeram parte de uma task-force que permitiu a gestão de doentes covid-19, lançando um repto à autarquia para que “usufrua das capacidades destes estudantes para renovar receituário de medicação crónica às centenas de utentes que, muitas vezes, interrompem os seus tratamentos só porque não têm um médico que passe as suas receitas”.

Ainda na área da saúde, a Assembleia Municipal aprovou, por unanimidade, um voto de louvor à ULS da Cova da Beira pela nova Unidade de Intervenção de Cardiologia.

“Concretização das competências do Município e atual estado da saúde no Município” foi o tema proposto pelo CDS e “Saúde” foi o tema proposto pelo grupo municipal do PS.

A última sessão da Assembleia Municipal da Covilhã teve lugar ontem, dia 19.