O Município de Manteigas está “pronto a investir e com saúde financeira”, disse Flávio Massano, presidente da Câmara Municipal, durante a reunião pública do executivo em que foi feita a prestação de contas de 2023.
A reunião decorreu ontem à tarde, dia 17, e os documentos foram aprovados com a abstenção da bancada do PS e o voto contra do PSD.
A oposição criticou a opção política, acusando o executivo de falta de execução do que orçamentou, tornando “penosa” a prestação de contas, Flávio Massano, em sentido inverso, mostra-se satisfeito com a trajetória do município.
“A prestação de contas não é nada penosa, é a prestação de contas mais fácil de fazer, temos mais execução de capital, temos melhores contas, temos mais disponibilidade de caixa para investir, diminuímos a divida, o que demonstra que esta Câmara Municipal tem saúde financeira para dar e para vender e tem saúde financeira para aquilo que vocês tanto exigem de nós, que é concretização e execução, mas, sem projetos não se pode executar. Quem vier a seguir tem projetos prontos para executar”, concluiu.
De resto, logo no início da apresentação dos documentos, o autarca sublinhou que “não sendo um ano perfeito”, no geral “o saldo é bastante positivo”, salientando que foi um ano ainda concentrado na reparação de alguns danos de 2022, mas com aposta também em novos projetos, tanto concessão como na implementação.
Frisa que o município tem sinais muito positivos, apontando os números do turismo, o aumento de crianças nas escolas e a dinâmica económica no concelho que considera “interessante”.
“O ano do turismo foi o mais relevante de sempre, mesmo com o encerramento da estrada 8 meses, temos mais crianças nas escolas, a dinâmica económica também tem sido interessante, não é fruto do trabalho da Câmara Municipal, mas é interessante ver que a própria iniciativa privada acredita no território e estão a fazer esse investimento”, vincou.
Flávio Massano sublinha que no relatório de contas apresentado, “90% dos indicadores são positivos”, salientando que Manteigas, certamente, irá subir na tabela do anuário financeiro, face aos dados interessantes.
Salienta que diminui o passivo em 22%, a liquidez geral é de 421%, o que significa que a autarquia tem autonomia financeira como não tinha há muitos anos, apontando que o prazo médio de pagamento a fornecedores é de 5 dias.
O resultado líquido do exercício é negativo, aponta o autarca, justificando que o objetivo de uma autarquia não é guardar dinheiro. “Esta é uma Câmara Municipal pronta para investir”, disse.
Tomé Branco, vereador do PS, critica fundamentalmente a falta de execução do que foi orçamentando. Sublinha que o executivo herdou números animadores, mostrando preocupação com a herança que vai deixar.
“A prestação de contas parte do orçamento, que não pode ser tão realista que não permita sonhar, mas também não pode ser tão irrealista que se trate de uma lista de devaneios. Preocupa-nos o que vamos deixar pronto e executado no final deste mandato. Este executivo herdou uma situação financeira estável e com números animadores a atividade turística, na área da economia e na vinda de novas famílias, continuando a melhorar esses números, colhendo frutos do trabalho feito, mas precisamos de construir uma herança para as gerações vindouras, deixar construída e não apenas pensada”, disse.
Ana Muxana sublinhou a posição do seu colega de bancada, vincando que espera no próximo abril estar a discutir obras feitas e não apenas “projetos e estudos”.
Nuno Soares, vereador do PSD, começou por considerar que executar cerca de 9,5 milhões “não é propriamente mau”, sublinhando, no entanto, que apesar de executar cerca de 72% da despesa, a parte que diz respeito ao investimento, só foi executada em cerca de 48% do orçamento retificado, concluindo que “falta execução”.
Para o vereador há disponibilidade de caixa “como não se lembra”, com “ventos favoráveis para a execução”, com “programas comunitários em pleno funcionamento, como o PRR e o PT2020”, o que o leva a concordar com os vereadores do PS, “se houvesse menos sonho no orçamento, a prestação de contas seria menos penosa”, disse.
Flávio Massano sublinhou que “só se pode executar de houver projetos”, vincando que “os projetos que encontrou” quando chegou ao município estão a ser ou já foram executados”, vincando também que “não havia, como disse o vereador, fundos comunitários em pleno funcionamento”, foi preciso procurar financiamento.
“Quando não há projetos para executar podemos ter todo o dinheiro do mundo que não podemos gastar. Não podemos investir sem projetos. É difícil conseguir executar mais sem projetar, planear, sem ir buscar financiamento e foi isso que fizemos”, disse, vincando que não havia fundos no PT2020, onde só foi candidatado o projeto da SOTAVE, tudo o resto foi noutros avisos.
Os documentos foram aprovados, seguindo agora para discussão e votação na Assembleia Municipal de Manteigas.