“Conversas com sindicalistas de abril” recorda lutas que têm que continuar a travar-se

O livro “Conversas Carregadas de História com dez sindicalistas de Abril”, de Américo Nunes, é o resultado de uma conversa, em roda livre, do que cada um tem para recordar sobre “a luta antifascista, a revolução do 25 de Abril, o 25 de Novembro, a luta contra a recuperação capitalista e depois a evolução da atividade sindical”, disse o autor, à margem da cerimónia de apresentação da obra.

Um livro repleto de episódios que marcaram esses períodos históricos, com relatos do 1.º de Maio de 1974, por exemplo, que Américo Nunes considera que foi “o 25 de Abril dos trabalhadores”.


Sustenta que a revolução, o 25 de Abril, foi “um golpe de militar, progressista, dos Capitães, sobretudo para derrubar o regime fascista e acabar com a guerra colonial, mas os trabalhadores, e o povo, no 1.º de Maio, vieram para a rua, foram milhões, convocados pela Intersindical, que teve aqui um papel relevantíssimo”, conta, frisando que estes “deram um impulso enorme para as grandes transformações nos 18 meses seguintes”.

Entre as grandes manifestações nesse 1.º de Maio destaca-se a da Covilhã e a greve dos operários do setor têxtil, cujos ecos fizeram com que o salário mínimo nacional acabasse estabelecido nos 3.000 escudos, quando muitos ganhavam cerca de 500, o que demonstra o poder e a força reivindicativa dos sindicatos à época, relata Américo Nunes.

O antigo sindicalista, agora com mais de 80 anos, recorda com alguma saudade esses tempos, vincando que não pode haver comparações.

Agora há menos força dos sindicatos, mas o contexto também é muito diferente, diz.

“É um contexto diferente. Houve situações mais difíceis do que as de hoje, as greves eram proibidas, as pessoas eram presas, as direções dos sindicatos eram demitidas pelo Governo. Mas a luta operária era muito importante, mesmo naquela situação”.

Apesar dos tempos serem outros o antigo sindicalista alerta para os novos perigos contra Abril: “O que vem aí é muito pior” salientando que há quem queira “continuar a tirar o que se conquistou”, concluiu.