Presidente da Junta do Tortosendo afirma que congéneres do concelho “têm medo” de falar

“Têm medo”. Foi desta forma que David Silva, presidente da Junta de Freguesia do Tortosendo, reagiu a um apelo do presidente da Assembleia Municipal da Covilhã, João Casteleiro, para que os autarcas de freguesia fossem mais interventivos nas assembleias municipais.

A situação ocorreu numa altura em que se discutia a aplicação correta, ou não, do novo regimento da Assembleia Municipal aquando da resposta de Vítor Pereira a questões colocadas pelos presidentes de junta.


David Silva começou por afirmar que poderia transparecer que o facto de responder primeiro aos partidos que aos presidentes de junta poderia configurar “que as juntas são colocadas em segundo plano”.

“Nunca”, respondeu João Casteleiro, frisando que “são os primeiros a falar e os primeiros a pedir a palavra”, apelando a uma maior participação. Foi nesta altura que se ouviu David Silva a apontar “têm medo”, sem, no entanto, abrir o microfone.

António Carriço, presidente da União de Freguesias do Teixoso e Sarzedo, foi quem respondeu.

“Discordo totalmente das palavras que, infelizmente, aqui foram proferidas”, referiu, descrevendo que “a política hoje não é a que se viveu no Estado Novo, os presidentes de Junta, hoje, e já foi aqui dito por todos os quadrantes políticos, são mais valorizados do que nunca”, apontou.

Sublinhando que falava por si e pelos outros presidentes de junta do concelho, António Carriço vincou que “não sente medo” porque “põe acima do partido, assim como todos, os interesses das populações”. “Saibamos reivindicar no momento certo e este é um dos momentos”, disse.

O presidente da União de Freguesias do Teixoso e Sarzedo sublinhou que “esta é uma afirmação que ouvia antes do 25 de Abril”, apontando que “ficou muito mal” a David Silva este momento.

No final da intervenção David Silva justificou-se com “o calor da discussão”, retratando-se “no caso de ter ofendido alguém”.

“A garra de defender a minha freguesia leva a que, às vezes, queira defender todas as freguesias”, disse, sublinhando que “tem humildade para pedir desculpa se por acaso ficou ofendido, ou outros ficaram ofendidos”.