Teatro das Beiras estreia “O Juiz da Beira” de Gil Vicente

“O Juiz da Beira”, de Gil Vicente, com encenação de Nuno Carinhas, estreia a 7 de junho no auditório do Teatro das Beiras.

Uma peça com a linguagem própria de Gil Vicente e das Beiras e por isso, com “pertinência” para ser realizada aqui, considera Nuno Carinhas.


“Tenho um fascínio muito grande pelo Vicente por causa da linguagem. Nós descuramos muito esse nosso património e o teatro é, de alguma maneira, um sítio pelo qual isso deve passar. Numa altura em que se vive com abreviaturas, acho que devíamos ter isto em atenção”, disse.

A peça é uma sátira a um julgamento que Nuno Carinhas espera que o espetador leve depois de assistir. “Agora que tanto se fala de justiça que leve esta irreverência de julgamento”, sublinha.

Um espetáculo desenho para ser apresentado ao ar livre, como se de uma trupe se tratasse, chegando ao terreiro para se apresentar, descreve o encenador.

O grupo sai em digressão logo após a estreia, para se apresentar, dia 9 de junho, no Festival de Teatro de Rua de Ponte de Lima, regressando à Covilhã para mais duas apresentações no Teatro das Beiras, nos dias 19 e 27 de junho, sendo depois apresentada nas freguesias rurais do concelho durante os meses de julho e agosto.

Nuno Carinhas espera que a linguagem própria da peça, com muitos termos das Beiras, seja bem recebida nos diversos locais.

“O Juiz da Beira” é uma farsa de Gil Vicente, consiste numa espécie de continuação de uma outra peça do mesmo autor: “O auto de Inês Pereira”. Neste auto, a protagonista casa com um homem meio atolambado, Pêro Marques, que se revela um pau mandado.

Em “O Juiz da Beira” vamos encontrar de novo Pêro Marques, ainda casado com Inês Pereira, mas desta vez feito juiz.

Às suas audiências comparecem Ana Dias, que acusa o filho de Pêro Amaro de lhe ter violado a filha; Alonso López, que incrimina Ana Dias de ser alcoviteira; e um escudeiro, que acusa Ana Dias de ser ladra. Para finalizar, quatro irmãos (o Preguiçoso, o Bailador, o Amador e o Brigoso) vêm disputar a herança que lhes deixou o pai. Como seria de prever, Pêro Marques resolve da forma mais absurda todos estes litígios, mas, curiosamente, todas as sentenças acabam por revelar-se arrazoadas.

A encenação, cenografia e figurinos são de Nuno Carinhas e tem interpretação de Bernardo Sarmento, Carlota Macedo, Gonçalo Babo, Miguel Brás, Paulo Monteiro e Sílvia Morais.