A Turistrela tem investidores privados que garantem a execução de uma via alternativa de acesso à Torre, através de telecabines, a partir da Nave de Santo António e da Lagoa Comprida.
A garantia foi dada por Artur Costa Pais durante um debate sobre acessibilidades à Serra da Estrela na Assembleia Municipal da Covilhã.
O administrador garante que já entregou à Câmara Municipal da Covilhã esta ideia, embora frise que não tem o projeto formal uma vez que este teria um custo muito elevado, estimando cerca de 1 milhão de euros.
Diz que as ideias “não estão fechadas”, assim como o consórcio investidor, assegurando que “há um grupo de investidores, que já foi apresentado a Vítor Pereira, que assume o investimento”.
Avança que são investidores com experiência, que já detêm equipamentos semelhantes em Espanha, lamentando, no entanto, os entraves que encontra para a implementação, nomeadamente no Plano de Ordenamento da Serra da Estrela.
“O Plano de Ordenamento limita muito os investimentos na Serra da Estrela”, disse, afirmando o Plano de Investimentos que apresentou ao anterior Governo tem neste instrumento um entrave, apontando que “está limitado em 95%”. “A ampliação da Varanda dos Carquejais não pode ser feita, a requalificação do antigo teleférico dos Piornos para unidade hoteleira não pode ser feita, a requalificação da Estalagem da Torre, que está em ruína, também não pode ser feita”, lamentou.
O administrador da empresa concessionária do Turismo na Serra da Estrela frisa que “é revoltante que 80% dos visitantes saiam insatisfeitos da Serra da Estrela, porque ou não visitaram a Torre, ou deram a volta à rotunda e regressaram sem parar”.
“Uma situação que pode ser resolvida com este projeto, amigo do ambiente e com financiamento privado assegurado”, reforçou por diversas vezes, frisando que o maior entrave é o ICNF.
Fátima Reis, em representação do ICNF, começou por explicar que o instituto não “se opõe aos investimentos”, “opõe-se é à não preservação dos valores naturais”.
Avança que o Plano de Ordenamento está ultrapassado em parte, explicando que há áreas de proteção onde os valores naturais praticamente não existem e por isso está a ser revisto.
Por outro lado, afirma que esta ideia das telecabines, foi apresentada na comissão criada para acompanhamento do Plano de Investimentos na Serra da Estrela, ainda pelo anterior Governo, e mereceu “concordância” de todos. Contudo, relembra, alertaram que era necessário que o projeto fosse elaborado e fosse feito o estudo de impacto ambiental.
“A ideia é vista com agrado pelas várias entidades, desde logo pelo seu contributo para a redução da pegada de carbono no território, bem como pelos impactos negativos por evitar a colocação de sal na estrada, no entanto precisa de ser mais detalhado, por exemplo exemplificar onde são as infraestruturas de apoio”, disse, citando a ata da reunião, onde se concluiu que “há concordância em termos conceptuais quanto a esta iniciativa, contudo o projeto carece de ser mais amadurecido, com estreita articulação com todas as entidades, em particular relevância para as Câmara Municipais, designadamente pela via de elaboração de um plano intermunicipal de acessibilidades”, para a responsável, “está claro que o ICNF, como os restantes, veem com bom grado este projeto e deixa avançar desde que sejam projetos com alguma credibilidade e preocupação em termos ambientais”.
Fátima Reis destacou ainda que o ICNF não pode ser responsável pela não execução das “várias ideias que Artur Costa Pais tem ao longo dos anos e que não concretiza”, vincando que é o caso desta intenção.
“O ICNF tem as costas largas, projetos todos nós temos, concretizar é que é mais difícil”, apontou, questionando se “algum dia se licenciou algo que não tenha projeto, se agora se passa a licenciar ideias”.
De resto e como alternativa às telecabines, aponta que o ICNF defende a criação de parques estacionamento, em locais estratégicos, e miniautocarros para transportar as pessoas para a Torre.
“Enquanto esperamos mais 74 anos pelo teleférico, defendemos os miniautocarros para a Torre. Há outras soluções e não só as ideias megalómanas que nunca irão ser concretizadas, e que também reduzem o impacto no ambiente e as pessoas na torre”, disse.
Artur Costa Pais frisa que esta situação se ultrapassa com a criação de uma comissão de acompanhamento.
Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, concorda que o atual Plano de Ordenamento é limitador.
Sobre este investimento salienta que a “Turistrela está metida num colete de forças”, salientando o “empenho de todos para que ele vingue”, frisa que o projeto “tem que ser densificado”, afirmando que se tentará “persuadir as autoridades” com vista à sua concretização.
Esta foi uma das soluções mais debatida durante a Assembleia Municipal Extraordinária, para discutir as acessibilidades na Serra da Estrela, que teve lugar ontem, dia 13.