A Câmara Municipal da Covilhã, em comunicado, manifesta publicamente o seu “profundo pesar pelo falecimento de Manuel Cargaleiro, figura ímpar do panorama artístico nacional e internacional”.
O pintor e ceramista Manuel Cargaleiro, figura maior da cultura nacional, morreu este domingo, em Lisboa, aos 97 anos. Em declarações à agência Lusa, a mulher, Isabel Brito da Mana, disse apenas que Manuel Cargaleiro “morreu tranquilo, rodeado pelos seus. Adormeceu”. Governo decretou luto nacional para o dia do funeral de Cargaleiro.
Na nota de pesar a autarquia recorda que “o ceramista, pintor, desenhador, gravador e escultor viveu grande parte da vida em Paris e conquistou reconhecimento em Portugal e no estrangeiro, mas nunca perdeu a ligação ao País e em particular à Beira Baixa”.
A Câmara Municipal da Covilhã e a Casa da Cultura José Marmelo e Silva prestaram-lhe homenagem em 2019.
“Neste momento de luto e consternação, o Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Vítor Pereira, endereça as mais sentidas condolências à família e amigos do Mestre Cargaleiro”, conclui a nota.
Também a UBI, em nota publicada na sua página oficial “manifesta profundo pesar” pelo falecimento de Manuel Cargaleiro, Doutor Honoris Causa da UBI
A Universidade da Beira Interior, na pessoa do seu Reitor, endereça as mais sinceras condolências à sua família e amigos e lamenta “a perda de um vulto da cultura da nossa região, que alcançou reconhecimento nacional e internacional, e muito contribuiu para o prestígio e engrandecimento do nosso País”, pode ler-se na nota.
Natural do concelho de Vila Velha de Ródão (distrito de Castelo Branco), Manuel Alves Cargaleiro nasceu a 16 de março de 1927 e foi autor de uma obra que percorreu o mundo, tornando-se um dos mais conceituados e internacionais artistas plásticos portugueses.
A UBI atribuiu-lhe, em 2022, o Doutoramento Honoris Causa, o primeiro a ser outorgado pela academia a uma figura ligada às Artes Plásticas e que representou o reconhecimento da UBI a uma personalidade da Beira Baixa, que alcançou projeção internacional pelo talento demonstrado como ceramista e pintor. Um prémio ao qual Manuel Cargaleiro atribuiu, na altura, um significado “único”.
Entre as diversas obras da sua autoria contam-se a passagem para cerâmica das estações da Via Sacra do Santuário de Nossa Senhora de Fátima; os painéis de cerâmica para o Jardim Municipal de Almada; o painel de azulejos para a fachada da nova Igreja de Santo António, em Moscavide; uma medalha da autoria do escultor Lagoa Henriques para comemoração do 25.º aniversário da atividade artística de Manuel Cargaleiro; e os painéis de azulejos de diversos locais públicos em Portugal, e da estação de metro “Champs-Élysées – Clemenceau”, em Paris.
Ao longo da carreira de várias décadas conquistou prémios nacionais e internacionais, bem como diversas condecorações: Comenda da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada de Portugal, agraciado pelo Presidente da República, General Ramalho Eanes (1983); Grau de Officier des Arts et des Lettres, atribuído pelo governo francês (1984); Grã-Cruz da Ordem do Mérito, condecorado pelo Presidente da República, Mário Soares (1989); Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (2017); Magister di Civiltà Amalfitana, atribuído na XVII edição do “Capodanno Bizantino”, em Itália, (2017). Em 2019, recebeu a Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo Primeiro-ministro António Costa e pela Ministra da Cultura, Graça Fonseca. Foi ainda homenageado no distrito de Setúbal e autarquias de Almada, Seixal, Vila Velha de Ródão, Castelo Branco e Paris. Em 2022, as Câmaras Municipais de Castelo Branco e de Lisboa homenagearam-no com as respetivas Medalhas de Honra da Cidade.