“O Estado do Município” em debate na Assembleia Municipal da Covilhã

Aos olhos da maioria socialista no concelho da Covilhã o município está melhor que há 10 anos, desde que começaram a governar. Uma visão distorcida, acusa a oposição.

As visões sobre “o Estado do Município” foram debatidas em reunião extraordinária da Assembleia Municipal, esta segunda feira, dia 29.


Vítor Pereira, durante a sua primeira intervenção, vincou que após 10 anos governação socialista o concelho da Covilhã está melhor em todos os aspetos, particularizando o investimento realizado pela câmara, as contas, o apoio às freguesias, a educação, a cultura, o associativismo e o turismo, a ação social, a atração de investimento e criação de emprego.

Nas contas recordou a redução de passivo, que passou de 130 milhões para 40, mesmo tendo reduzido impostos, aumentado apoios às famílias, às empresas e entidades.

O autarca sublinhou que o município tem sido uma “peça fundamental” na atração de empresas e emprego.

Deu como exemplo algumas das empresas instaladas no Parkurbis, caso da Noesis que pretende alcançar 130 engenheiros na Covilhã, da Mepisurfaces que já se expandiu e quer criar nova fábrica, ou até mesmo uma fábrica de diamantes artificias que poderá criar até 40 postos de trabalho, podendo chegar aos 150.

Anunciou que em breve será instalada uma empresa chinesa, líder de produção de microsoldadura industrial “com um investimento de monta”.

Recordou os hospitais privados a instalar no concelho e os novos hotéis na cidade, bem como o Retail Parque, sublinhando que “basta olhar para uma parte dos investimentos para se ultrapassar os 500 milhões de euros e muito mais de 600 postos de trabalho. Não é coisa pouca”, apontou

O autarca recordou que ao logo dos seus mandatos investiu na cultura, com a requalificação do Teatro Municipal da Covilhã, na educação, com a requalificação de escolas no valor de cerca de 6 milhões de euros, elencando também as obras que a autarquia tem em projeto, que representam mais cerca de mais 6 milhões, totalizando 12 milhões de euros nos seus mandatos.

Passou em revista os investimentos na área da saúde, nomeadamente nas instalações do Centro de Saúde da Covilhã e extensões de saúde bem como na frota automóvel. Recordou a estratégina local de habitação, com cerca de 20 milhões de euros de investimento, os postos da GNR, Pavilhão do Inatel, Piscinas Municipal e Praia que terá intervenção a seguir ao verão.

Elencou os investimentos em estradas já realizados, bem como aqueles que estão em projeto para avançar em breve, concluindo que com esta ação municipal o “estado do município está melhor hoje que no passado”, vincando que foram criadas condições para recorrer a fundos comunitários, aproveitando melhor esta fonte de financiamento.

“Temos capacidade, que outros não tiveram para recorrer a fundos. No Portugal 2020 garantimos investimentos de mais de 30 milhões de euros”, sublinhou. No PRR, que é ainda para continuar, e no Centro 2030, já estão listados no acordo para a operacionalização do contrato para o desenvolvimento e coesão territorial, investimento a realizar pelo município da Covilhã que totalizam 13 milhões de euros”, detalhou.

Descreveu um município com modernização administrativa, que apoia a reflorestação e os bombeiros com a criação de mais duas EIP. Um município líder no turismo do interior, sendo aquele que a seguir a Évora registou mais dormidas.

A concluir Vítor Pereira afirma que o estado do município “é muito melhor”.

“Todos os dias trabalhamos por mais e melhor. Queremos sempre mais. Mais investimento, mais saúde, mais educação, mais emprego, mais empresas, mais visitantes e mais habitantes”, concluiu.

Nuno Pedro (PS) na intervenção inicial da bancada, mostrou preocupação com a demografia no concelho, que a par com o país, e em particular com o Interior, está a perder população. Olhando para a saúde, disse que apesar dos problemas está melhor o mesmo acontecendo com a educação, em termos desportivos apontou a falta de infraestruturas desportivas como a grande lacuna.

“No nosso concelho realizaram-se quase tantas consultas externas como na soma do que se fez nos concelhos da região, o que é um sinal da proximidade dos nossos cidadãos aos serviços de saúde, e também do papel relevante que o CHUCB tem para a saúde dos residentes dos restantes concelhos. Para lá das dificuldades que persistem os cuidados de saúde têm sofrido uma melhoria substancial. No desporto o nosso concelho tem um défice de infraestruturas que tem de ser encardo de frente e que urge resolver”, disse.  

Um retrato do estado do município que não corresponde à realidade, acusou a oposição.

Hugo Lopes, líder da bancada do PSD, reconhece que houve avanços, mas usou palavras como “apatia, abandono e falta de ambição”, para se referir ao concelho.

“Houve avanços e hoje falou de alguns, mas não pode vir aqui vender-nos um concelho das mil maravilhas porque esse só existe no seu ideário. O estado do município é hoje de apatia, abandono e de falta de ambição. Uma cidade que antes se desenvolvia e crescia a Sul, que não se revê no seu otimismo. Uma cidade que sem a UBI e as empresas seria um deserto”, apontou.

referiu alguns exemplos como Complexo Desportivo abandonado e a piscina municipal encerrada. Recordou as promessas das três campanhas de Vítor Pereira, a nova piscina coberta e pavilhão multiusos que não estão feitos.

Hugo Lopes, e mais tarde outros eleitos da bancada social democrata, desafiaram Vítor Pereira a fazer pelo menos 10% do que fez o seu antecessor.

“Nestes 10 anos o Sr. Presidente quando se olha ao espelho, todos os dias de manhã, há alguma coisa que consiga dizer que não seja «espelho meu, espelho meu será que já fiz 10% do que quem me antecedeu?», questionou.

João Bernardo (CDS) mostrou-se “surpreendido” com o “tom de vendedor”, com que Vítor Pereira tentou vender algo “que ainda não foi feito”, sublinhando que o balanço de 10 anos se resume a “inconseguimento”.

“O balanço que se pode fazer é de incoseguimento”, disse, referindo-se aos anúncios de empresas e de investimentos públicos que não se repercutem na vida dos munícipes. Aponta que “o prometido durante 10 anos não está feito, vai ser feito a partir de agora”.

Vinca que durante este tempo a maioria socialista navegou “à vista” sem estratégia de desenvolvimento, fazendo o que era “empurrada a fazer pelas redes sociais ou o que colaboradores diziam e era preciso fazer à pressa”

Vítor Reis Silva (CDU) reconhece que foram feitas obras, mas no caso das escolas, por exemplo, estas não resolveram os principais problemas, tanto as realizadas na Frei Heitor Pinto, como nas escolas do primeiro ciclo em que os logradouros não estão a ser devidamente aproveitados.

Vítor Reis Silva acusa ainda o executivo de centrar a sua atividade na cidade, esquecendo o concelho.

“Esta câmara concentra-se na cidade, na cidade, na cidade. Valoriza os transportes, a mobilidade, mas diferencia os cidadãos que vivem na cidade dos que residem nas freguesias. Mesmo as atividades culturais e desportivas são centradas na cidade. Não há o concelho num todo, onde a atividade municipal se possa sentir”, acusou.

Vítor Tomas Ferreira (coligação “A Covilhã tem Força”) numa intervenção menos critica assumiu que o que leu no compromisso eleitoral de Vítor Pereira “está cumprido”, assumindo que ainda assim “é possível fazer mais e melhor”.

“Com prós e contras, globalmente, o que li e o que apresentou foi cumprido, mas como também já disse aqui o Sr. Presidente é possível fazer mais e melhor e acho que todos nós, estamos nesta Assembleia para ajudar a construir essa Covilhã melhor”, disse.

Críticas a que Vítor Pereira respondeu ao longo do debate, que durou cerca de três horas, considerando que a oposição “ignora o que de positivo de faz, salientando coisas que são de dimensão menor, numa atitude de apoucar e tentar reduzir a cinzas o que a cidade é”.

Realçou que em termos financeiros o município está “numa situação invejável”, vincando que “reduzir 90 milhões ao passivo é uma situação inédita”.

Realçou ainda que não se podem comparar os 10 anos de governação socialista, com os 20 anos do seu antecessor, porque são realidades diferentes.

“Não podem comparar estes 10 anos, sendo que os primeiros quase 5, foram para resolver coisas urgentes e prementes. Mal havia dinheiro para coisas indispensáveis do dia-a-dia, até para o funcionamento da Câmara.

Não comparem com quem esteve 20 anos no poder, que ficaria a dever à consciência se não tivesse feito o que aqui foi enumerado. Não havia leis travão, não havia a Troika no Terreiro do Paço. Não bastava as dificuldades que nós tínhamos, havia a Troika. Não venham é comparar com 20 anos, sem restrições, com fundos comunitários a serem despejados «a balde» sobre o território, sem a lei dos compromissos. Durante 20 anos, houve caminho livre e desimpedido e com dinheiro a rodos da União Europeia”, disse.  

A terminar o autarca sublinha que “para quem estiver de boa fé é indubitável que o município está melhor”. “Estamos a honrar e cumprir o compromisso que assumimos com os covilhanenses”, concluiu.

Dizer que este foi o primeiro debate sobre “o Estado do Município” que, segundo o regulamente da Assembleia Municipal da Covilhã, se realiza em Assembleia Municipal Extraordinária durante o mês de julho.