“Quem dá mais aos médicos” tem de acabar. Estratégia para fixação tem de partir do Governo

As autarquias têm de ser paceiras na ajuda à fixação de médicos no interior, mas o leilão para ver qual município dá mais tem de acabar. A estratégia para fixar médicos no interior tem de partir da administração central, defende Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã.

O autarca falava na sessão de encerramento do seminário sobre humanização em saúde, que decorreu na sexta-feira na Covilhã, onde estava prevista a presença da Ministra da Saúde.


Lamentando a sua ausência, e o facto de a governante não se ter feito representar, Vítor Pereira sublinhou as reivindicações da região na área da saúde, nomeadamente a fixação de médicos.

“As autarquias têm de ser parceiras neste processo, claro que sim, mas não nos podemos substituir ao Poder Central e entrar numa espécie de leilão em que cada autarquia, por desespero de causa, se vê obrigada a dar mais e mais para manter o seu médico”, disse, descrevendo que a disputa em que um dá uma casa e outro um subsidio “já está a acontecer”, questionando se “este não será apenas um paliativo, que apenas vai fazer com que o acesso à saúde seja cada vez mais desigual”, concluindo que “é preciso mais e o plano tem de ser coordenado pela administração central”.

O presidente da Câmara Municipal da Covilhã realçou, na sua intervenção, o grave problema que todo o Interior atravessa com a falta de médicos, apelando a que sejam criados mecanismos de apoio, em especial para os recém-formados, que aqui podem iniciar um projeto de vida.

“O país tem mesmo de olhar para estas questões, precisamos de médicos aqui, para que os nossos hospitais não fechem e as nossas extensões de saúde possam funcionar”, apontou, vincando que é preciso formar médicos e “tomar medidas para os ajudar a fixar no interior”.  “São eles que podem decidir fixar-se aqui, começar o seu percurso aqui, porque depois de terem famílias, e vidas construídas noutras paragens, será difícil”, concluiu.

Na sua intervenção o autarca não esqueceu a Unidade de Medicina Nuclear, a instalar no hospital do Fundão, com o objetivo de “diagnosticar e tratar os doentes, evitando “penosas deslocações e avultados gastos públicos”.

Recorda que está em curso um procedimento que junta os centros hospitalares de Coimbra e da Cova da Beira, com o apoio da Câmara Municipal do Fundão, mas “ainda não está concretizado o anseio”, apelando ao Governo que “acompanhe, monitorize e acarinhe este projeto”.

Dizer que a Ministra da Saúde não esteve presente nesta sessão de encerramento, justificando a ausência com a realização do Conselho de Ministros.