O CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, um dos festivais mais importantes de cinema ambiental da Europa, celebra a sua 30ª edição em 2024, de 10 a 18 de outubro, na cidade de Seia.
“Fundado por um grupo de senenses apaixonados pelo cinema e pela Serra da Estrela, em 1995, o CineEco foi pioneiro na sensibilização para as questões ambientais”, revela a organização em nota de imprensa.
Para a Câmara de Seia, o festival, que anualmente se realiza em outubro, “mantém a sua identidade genuína, agora com maior reconhecimento e projeção internacional, no centro da mudança de comportamentos, incentivando a reflexão e a ação em prol do ambiente”.
A 30ª edição será uma homenagem às pessoas de Seia e à sua ligação especial à natureza, destacada pela organização na comunicação do festival, onde são apresentados 30 rostos locais para representar essa comunhão.
Este ano, o festival apresenta 64 obras cinematográficas de 27 países, selecionadas entre cerca de 1500 filmes submetidos à competição. A 30ª edição do CineEco exibe uma seleção oficial de longas, médias e curtas-metragens internacionais e em língua portuguesa, oferecendo novas perspetivas e narrativas sobre os desafios enfrentados pelo planeta, habitats e espécies.
Os temas abordados incluem a tecnologia e o saber ancestral, as comunidades indígenas e a sua luta contra ameaças privadas – com ênfase nos rios –, o estatuto jurídico de entidades naturais, os problemas ecológicos de grandes centros urbanos, a resistência de agricultores e ativistas em defesa da terra, a agricultura regenerativa, a caça, e a atenção às espécies selvagens, com destaque para o lobo, a baleia e o leopardo-das-neves.
A seleção internacional, composta por 36 filmes em competição, é um mosaico rico e diversificado do mundo contemporâneo, através de filmes que representam os cinco continentes, retratando problemas em geografias como o Alasca, Nova Zelândia, México, Estados Unidos e vários países europeus.
Nas longas internacionais, é de realçar Xue Bao (Snow Leopard), o filme póstumo de Pema Tseden (China), considerado o fundador do cinema tibetano. O filme, que será uma estreia em Portugal, “explora a relação simbiótica entre humanos e animais, através da interação entre um jovem monge tibetano e um leopardo num vilarejo montanhoso”.
Snow Leopard integrou a seleção oficial da secção Orizzonti do Festival de Veneza 2023, foi vencedor do prémio de melhor filme no Festival de Tóquio 2023 e de melhor argumento e fotografia no Asian Film Awards 2024.
Outro filme em destaque éFauna, de Pau Faus (Espanha). Esta obra cinematográfica, seleção oficial do festival Visions du Réel 2023 e premiada nos festivais de Toulouse e Guadalajara 2023, oferece uma observação de dois mundos opostos numa floresta nos arredores de Barcelona. “Aqui, um velho pastor e o seu rebanho vivem ao lado de um laboratório de alta tecnologia para experimentação animal”, explica o Município.
Nesta competição também sobressaiAmong the Wolves, de Tanguy Dumortier e Olivier Larrey (França), que mostra uma alcateia de lobos selvagens observada por um pintor e um fotógrafo na terra de ninguém entre a Finlândia e a Rússia.
O melhor documentário do Festival de Sarajevo 2023 – Bottleman, de Nemanja Vojinović (Sérvia), também integra a seleção oficial. O documentário leva-nos até Vinča, nos arredores de Belgrado, transformada num dos maiores aterros sanitários da Europa. Aqui, uma comunidade surpreendente recolhe garrafas de plástico.
Gerlach, de Aliona van der Horst e Luuk Bouwman (Países Baixos), premiado como melhor documentário holandês no International Documentary Film Festival Amsterdam (IDFA) 2023, apresenta Gerlach van Beinum, um dos últimos agricultores tradicionais nos arredores de Amesterdão, cercado pela modernidade.
Na seleção de longas-metragens em língua portuguesa, destaca-se a estreia de Margarida Gramaxo com “Lindo”, que aborda o equilíbrio entre o homem e a natureza na ilha do Príncipe, em São Tomé e Príncipe.
O Melhor dos Mundos é a longa de ficção mais recente de Rita Nunes e explora uma narrativa bastante contemporânea, a probabilidade muito elevada de, à semelhança de 1755, um grande terramoto atingir Lisboa.
Sem Coração, de Nara Normande e Tião, retrata o verão de 1996 na costa nordeste do Brasil, onde Tamara prepara-se para deixar a vila piscatória para estudar em Brasília. O filme integrou a seleção oficial da secção Orizzonti no Festival de Veneza 2023 e obteve o prémio de melhor filme brasileiro na Mostra de Cinema de São Paulo 2023.
De Longe Toda a Serra é Azul, de Neto Borges, acompanha o indigenista Fernando Schiavini em lugares e aldeias indígenas que visitou nos anos 70.
Finalmente, os sons ancestrais da serra da Estrela escutam-se em À Procura da Estrela, de Carlos Martínez-Peñalver Mas.
O CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela “é o único festival de cinema em Portugal dedicado à temática ambiental, no seu sentido mais abrangente, e um dos festivais de cinema de ambiente mais antigos do mundo”.
O formato do certame assenta num conjunto de atividades desenvolvidas ao longo de 8 dias, com entrada gratuita. Além da secção competitiva e vários ciclos de cinema, o festival inclui também diversas atividades paralelas, como conferências, concertos, workshops, exposições, “contribuindo para uma cidadania ativa no domínio do desenvolvimento sustentável, valorização do território e enriquecimento do conhecimento ambiental e cinematográfico”.
Para uma maior ligação com a comunidade local e a sua colaboração e envolvimento na promoção e divulgação do festival, o CineEco tem vários “padrinhos e madrinhas”, pessoas da comunidade convidadas em cada edição do festival para “apadrinharem” os filmes que concorrem à Competição de Longas-Metragens Internacionais.
Fora das datas do festival, o CineEco realiza ao longo de todo o ano uma vasta rede de extensões por todo o país, “dando oportunidade ao público a visualização de filmes desta temática, que é um dos fatores diferenciadores do festival”.
O CineEco é organizado pelo Município de Seia e conta com o alto patrocínio do Presidente da República e do Departamento de Ambiente das Nações Unidas. Conta ainda com a Lipor como patrocinador principal e com o apoio financeiro da DGArtes. A curadoria do CineEco é de Cláudia Marques Santos, Daniel Oliveira e Tiago Fernandes Alves.