CMC paga 1,8 milhões: Vítor Pereira exige “justiça” no preço dos transportes para as populações

A Câmara Municipal da Covilhã gasta, anualmente, 1,8 milhões de euros com transportes, um valor “quase incomportável” e, ainda assim, as famílias pagam mais pelas deslocações que outras do Litoral, uma situação que leva o autarca a exigir “apoios financeiros específicos” para que os transportes de adequem às necessidades das populações e com custos idênticos aos de outros territórios.

“Atualmente o custo real que temos com transportes é de 1 milhão e 800 mil euros, um valor que temos de assumir é quase incomportável, a que fazemos face com dificuldade, que nos tira capacidade de ação noutras áreas e que não podemos continuar a suportar sozinhos, não podemos ser só nós, as autarquias, a dar respostas às necessidades de mobilidade, precisamos de politicas públicas mais ambiciosas nesta matéria, precisamos de apoio financeiro específico para que as nossas populações tenham transportes públicos, e preços, que se coadunem com um serviço púbico, ao contrário do que acontece atualmente”, disse o autarca.


O autarca sublinha ainda que são “necessários programas e linhas de financiamento que se adequem à nossa realidade”, porque, apesar das verbas despendidas pela autarquia, “as famílias, as populações, continuam a pagar mais pelas deslocações que os habitantes do Litoral”.

O autarca recordou o exemplo do custo de um passe de S. Jorge da Beira para a Covilhã, 120 euros, que duplica caso sejam dois elementos de um agregado familiar, um valor que só não é mais elevado porque os passes são gratuitos para os alunos, frisou.

O autarca compara com uma ligação Sesimbra/Mafra que custa 40 euros, com resposta multimodal e várias ligações, para além do passe familiar que ali existe e que custa, no máximo, 80 euros.

Questiona se é justo que na grande área metropolitana uma família pague, no máximo, 80 euros e aqui, 240 ou mais para fazer a deslocação.

“Será justo que uma pessoa que percorra 80 quilómetros na Zona Metropolitana de Lisboa pague 40 euros e na Covilhã, para percorrer 48 Km, pague 120 euros? Podemos falar de equidade, ou de coesão territorial perante desigualdades tão flagrantes, tão gritantes e tão injustas?”, sublinhou.

Vítor Pereira falava na Conferencia sobre “Mobilidade no Espaço Público Partilhado”, no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade, que ontem decorreu, durante a tarde, no salão Nobre da Câmara Municipal da Covilhã.

Na sua intervenção, sustentou a importância do sistema de mobilidade integrado que existe na Covilhã, mas frisa que a “mobilidade tem de ser vista à luz de todo o território, não só do concelho, mas também do intermunicipal”, realçou.

“Temos mesmo de conseguir chegar da Estação da CP ao Pelourinho, de forma sustentável, mais saudável e ecológica, mas também temos de conseguir chegar às Minas da Panasqueira, a S. Jorge da Beira ou Sobral de S. Miguel, em suma, a cada uma das nossas aldeias”.

Vinca que “as pessoas que lá vivem têm de conseguir chegar à sede de concelho, ou ao destino pretendido, de preferência a horas compatíveis com o seu quotidiano e as suas pretensões”, detalhou.

Assume que não é tarefa fácil, mas não se pode ignorar que há aldeias, já por si isoladas, sem mercearia, café, ou escola ou outros serviços, que por isso necessitam de cada vez mais transportes, e, como tal, “não se podem deixar ainda mais isoladas”.

“A mobilidade é um fator de atração e fixação de pessoas que não podemos ignorar”, disse.